Mulheres loucas, capítulo 299

por Lia Bock

Ninguém finge melhor a alegria do que uma mulher louca para ser pedida em casamento

Ninguém no mundo finge melhor a alegria do que uma mulher louca para ser pedida em casamento

Sempre chega aquele momento em que a coisa que você mais quer na vida é um namorado (e ponto). Aquela pessoa que sabe exatamente o que e como você gosta, aquele ser que dorme com a boca na sua nuca e com quem você não precisa combinar de passar a sexta-feira coladinho, porque, claro, isso já está no pacote. Mas, como o diretor desse teatro chamado vida não colaborou com o seu roteiro, você está sozinha, em dívida com a depilação e... o pior: fazendo cara de “estou ótima!!” – assim, com duas escalações. Sim, porque quem faz cara de “quero um namorado” pode arrumar de um tudo, menos um bofe pra chamar de seu.

Nesse momento você se arruma até pra comer pão na chapa na padaria, parece sempre feliz e, claro, nunca dispensa uma noitada. Ressaca? “Não, nunca fico de ressaca.” Maquiagem? “Adoro maquiagem, já acordo de rímel.” E dá-lhe autoestima. E dá-lhe fingir que ser solteira está i-n-c-r-í-v-e-l. E dá-lhe contar onde você trabalha, onde já morou e discorrer sobre os amigos em comum do Facebook. Ah... a balada, o lugar que você vai rezando para ser o mais legal do mundo mesmo quando sonha com a sua cama e o jogo da Libertadores pra zicar o time rival. E dá-lhe fazer cara de “mulher solteira não procura!”.

Enquanto isso, no boxe, a pessoa chora desolada. Bloqueia e desbloqueia os bofes num ato desesperado de autoproteção. Sorri cinza, sofre, mas segue fingindo de forma maestral. "Eu? tó ótima!". Ninguém no mundo finge melhor a alegria do que uma mulher louca para ser pedida em casamento, para fugir dali para qualquer lugar onde sejamos apenas dois. Namorado? “Pra que namorado? A vida é boa de viver assim, sozinha, livre.”

Ô meu Deus, por que fizeram a gente assim? Alguém explica?

Para seguir: @euliatulias

fechar