Manifesto contra o excesso de fofura no mundo!

por Nina Lemos

A vida é Nan Goldin. E não uma boneca japonesa fofa

Cupcake, esmalte penélope charmosa, chá verde. Um minuto. Por favor. Precisamos fazer um alerta: o mundo não é tão fofo como vocês estão pensando. Na verdade, a vida não tem nada de fofa. Ela é linda. Mas fofa... Nunca foi.

Há tempos eu e a Jô Hallack detectamos esse fenômeno. Tem muita gente que anda fofa demais. Escuta, a vida não é uma musica da Soko cantada com voz doce infantilizada. A vida é punk, mano. Ou como disse meu irmão Xico Sá: A vida não é bossa nova, a vida ou é punk ou é brega.

A vida não é lojinha de decoração com quadro fofinho de menininhas, não. A vida é uma foto da Nan Goldin. Tão realista que é censurada aqui, no planeta da fofura. O mundo também não foi feito para ser falado no diminutivo. Amorzinho, fominha e, principalmente, jantarzinho! Sim, nessa época de fim de ano começam os convites para JANTARZINHO. Jantar com os amigos é maravilhoso. Mas sair para comer é bem diferente de ir a um jantarzinho. Principalmente se for só com MENININHA.

Estou escrevendo com sentimentos mistos. Um deles é o medo de ser atacada porque eu não acho o mundo fofo. Outro é a preocupação com o povo da fofura. Talvez eles precisem disso. Talvez esteja tudo tão difícil ( e a vida nunca foi fácil, e se você já passou dos cinco anos de idade já sabe disso) que eles precisem fugir. Escapismo. Vamos fingir que a vida é um cupcake! Vamos tricotar coisas rosas. Gostar da Hello Kitty. Ouvir musicas “positivas” que falam sobre coisas “bonitinhas”. Tudo contra as coisas bonitinhas. Tudo a favor das coisas lindas.

Talvez os habitantes do planeta da fofura me matem depois desse texto. Serei espetada com um agulha de tricô. Ou  envenenda por um cupcake. Podem me odiar, se quiserem. Sentir um pouco de raiva vai fazer bem para vocês. E não, não, eu juro que eu não sou infeliz. Sou até fofa. Mas fofinha... nunca! Sou gente grande, mano.

Para terminar. A vida é Recanto Escuro, a musica mais linda do Caetano cantada pela Gal. E não o CD da Marisa Monte. Pronto. Me matem.

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