Meu corpo, minha história

por Camila Eiroa

Depois de se recuperar de um câncer de mama, espanhola resolveu fotografar pacientes em tratamento para mostrar a beleza que existe em cada cicatriz

Há seis anos a espanhola Sandra Fernández, de 42 anos, teve um diagnóstico: câncer de mama. O susto foi grande, mas hoje, depois de recuperada, resolveu usar sua experiência para mudar a vida de outras pessoas. Foi através da fotografia que fez isso. "Quando me deram a notícia, pensei que o doutor tinha confundido o paciente. Sempre fiz esporte, não bebo e nem fumo. Demorei dias para acreditar", conta.

Enquanto se submetia às sessões de quimioterapia, uma amiga resolveu fotografá-la. Relutante de início e com medo de se enxergar fraca e debilitada, conseguiu ver que, por trás das cicatrizes, existia a força de sobreviver àquele diagnóstico assustador. Assim nasceu o projeto Mama miá, onde Sandra fotografa pacientes em tratamento contra o câncer na Galícia, Espanha.

Até agora foram fotografadas 19 mulheres e um homem. Ela faz questão de lembrar que pouco se fala sobre os homens afetados pela doença, mesmo sendo muitos. A maioria dos modelos faz contato com a fotógrafa através do hospital que ela mesma frequentou, na Galícia. "Me apaixona poder, através da fotografia, contar histórias e conhecer o quanto elas podem ser profundas", diz.

Sandra confessa não ter sido fácil o processo de recuperação. "A gente enfrente situações nunca antes vividas, por isso precisamos nos encontrar mentalmente fortes para aceitar todas as questões e mudanças no aspecto físico. Para mim, a parte psicológica foi a mais difícil." Isso tudo não impossibilitou que a espanhola tirasse um grande aprendizado: "fiquei mais consciente do que nunca da efemeridade da vida, o que me fez querer vivê-la intensamente".

Mama miá é para lembrar que a beleza existe independente das cicatrizes. A sensibilidade de Sandra nas fotos mostra que, independente das dificuldades durante o tratamento, é possível continuar sentindo orgulho de ser quem se é. "Os modelos não tem medo de exibir um corpo cheio de histórias", finaliza a fotógrafa.

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