Livro ”Modelo vivo” traz faceta pouco conhecida pelo público: ”A parte de contar histórias acaba se sobrepondo à curtição de traçar, de rabiscar”
Com retratos impressionantes de modelos vivos, HQs clássicas e uma tira inédita sem título, Modelo vivo (ed. Boitempo), novo trabalho de Laerte, chega às livrarias este mês. "Umas três décadas depois, olhei minha produção e tive um sentimento estranho, como se costuma ter diante de algo que já se manifestou exaustivamente. Bateu uma crise, em cujas águas deixei de lado vários procedimentos (uso de personagens, traço "humorístico") e saí em busca de respostas para minhas novas questões." Conversamos com a artista sobre a novidade.
Tpm. O livro faz um apanhado de tudo que não definiu você nas últimas décadas. Podemos considerá-lo um inventário underground da Laerte?
Laerte. Pois é – às vezes eu esqueço que sou desenhista. A parte de contar histórias acaba se sobrepondo à curtição de traçar, de rabiscar… Não é um inventário underground, no entanto. Faz parte (ou deveria fazer) do meu show.
Sobre a crescente dificuldade de se reinventar como artista: Modelo vivo está mais para uma pista do que poderia ter sido ou do que pode vir a ser o seu trabalho? Mais para o que vem do que para o que foi. O que me inquieta é sempre algo que ainda não está resolvido. O que já fiz me frustra ou me satisfaz, mas não inquieta.
Vai lá: Modelo vivo, ed. Boitempo, R$ 49