O meu, sim: fui introduzida à esta prática ancestral no sábado passado
Aqui na Argentina existe uma prática ancestral sobre a qual eu já tinha ouvido falar mas nunca terminava de entender o que realmente significava. Depois de toda uma tarde chuvosa entre amigas comendo os cupcakes da Gina, bolo de chocolate e cheesecake de café; nós jantamos pizza e comida peruana até que, de assunto em assunto, chegamos nessa história de “tirar el cuerito”. Mais: minha amiga Silvia resolveu fazer uma roda de tiração de courinho (ou sabe-se lá como se diz isso em português).
Vocês devem estar se perguntando “mas que porra é essa?”. Eu fiz o mesmo e a Silvia disse que a explicação folclórica é que tirar o cuerito ajuda a ir ao banheiro com total desenvoltura e que, segundo a explicação científica, é uma técnica que relaxa a musculatura e faz com que a gente se sinta relaxado.
Enfim, eu dei uma pesquisada e encontrei uma matéria de jornal dizendo que sete entre cada dez argentinos acreditam que esta é a melhor maneira de evitar visitas ao médico e, falando em médico, que o doutor mexicano Roberto Campos Navarro estudou a prática e chegou a conclusão de que este tratamento tem, sim, lógica.
“Os beliscões na pele das costas, por estar junto da coluna vertebral, estimulam os nervos e eles aceleram o movimento estomacal e ajudam a explusar o bolo alimentar (éca!) que está grudado no estômago”, disse o doutor.
Bom, com esta explicação deu pra entender no que consiste a parada, né?
A moral da história, no meu caso, é que eu chorei de dor cada vez que escutei o estalo da minha pele descolando da coluna. Já minhas amigas (aqui foi quando eu comecei a reavaliar nossa relação) adoraram ter a pele descolada das suas devidas colunas.
Foi um pesadelo... O algoz de nome Silvia me chamava de “flojita” (não vou traduzir para não perder a minha credibilidade perante você, leitor), a Ciana Lago não parava de dar risada dos meus berros e a Mari Bernal contou que eu não poderia nunca jantar na casa da sua tia argentina porque depois de cada refeição ela tira o cuerito de todo mundo com muita força e parece que isso é obrigatório por lá.
Tsc, tsc...
Silvia, o algoz, ainda disse mais: “amanhã quando você for ao banheiro você vai lembrar de mim”. E eu lembrei mesmo! Não somente no banheiro como na casa toda, já que eu passei mais um dia inteiro com as minhas costas doendo por causa da tal da técnica milenar.
Banho de sal grosso, arruda atrás da orelha, vassoura atrás da porta pra espantar visita chata... tudo isso dá pra fazer. Mas não vem tirar meu cuerito, não!