Lucinha Araújo, a mãe do Cazuza

por Milly Lacombe
Tpm #25

Ela tentou educar Cazuza como mandava a cartilha da época. Não conseguiu. Numa doce guinada do destino, acabou sendo por ele reeducada. E descobriu que o tempo, de fato, não pára

Não há, em nenhuma língua do mundo, palavra que dê nome à mãe ou ao pai que perde um filho. Talvez porque essa seja uma idéia inconcebível: são os filhos que deveriam assistir à partida dos pais, não o contrário. O tempo, que cura todos os males, nesse caso ajuda pouco. Em 7 de julho, fez 13 anos que Cazuza morreu. Para Lucinha Araújo, uma década inteira não foi suficiente para aplacar a dor. “Quanto mais o tempo passa, pior fica.”

Sem Cazuza, ela ficou só com João, seu companheiro há 47 anos. Moça prendada, casou cedo, aos 17, porque tinha pressa: queria no mínimo cinco filhos. Os planos de família grande pararam no primeiro: seqüelas no parto impediram que engravidasse novamente. O diabo é que, achando que outros viriam, tinha aceitado o pedido da sogra para homenagear o avô e batizou o primogênito de Agenor.

Cazuza, apelido que ganhou antes mesmo de nascer, deu a Lucinha trabalho de cinco filhos. Enquanto pôde dominá-lo, o fez com mãos de ferro. Quando queria alforria, o menino corria para o pai, na época atarefadíssimo comandando a Som Livre, empresa que criou e que fez dele o maior empresário fonográfico do país. Mas Cazuza cresceu e perdeu o medo da mãe.

“Que porra de vida é essa?”

Lucinha, por sua vez, perdeu o medo de chorar. Na entrevista, foi às lágrimas várias vezes ao lembrar o filho, com quem aprendeu a não ter vergonha de mostrar os sentimentos. E a ser tolerante. E ter coragem. Coragem, aliás, que foi útil quando descobriu, ano passado, que estava com câncer de mama. “Primeiro pensei: ‘Que porra de vida é essa?’. Mas lembrei que já vivi o dobro que meu filho. Ele sabia que ia morrer e, ainda assim, conseguiu cantar para o Brasil inteiro, deixar um legado. Foi isso que me deu coragem. Estou curada.”

No escritório da Sociedade Viva Cazuza, que Lucinha fundou após a morte do filho para atender crianças órfãs da Aids e soropositivas, Cazuza está presente em fotos e pôsteres por todo canto. Lá, Lucinha dá casa, comida, educação e carinho a 23 crianças. Foi esse trabalho que lhe deu motivação para acordar todos os dias e seguir em frente depois da partida do filho.

Tpm. Você era uma mulher à frente do seu tempo? Lucinha Araújo. Costurava para fora e falava palavrões, mas isso não quer dizer que estivesse à frente do meu tempo. Fui criada de acordo com os princípios morais daquela época. Como me casei muito cedo, tive que me recolher.

Tpm. E com Cazuza, você era muito rígida? Até ele fazer uns 13 anos, assim que Chegava da escola, eu abria a mochila e dizia: “Vamos ver o que tem de lição hoje”. A primeira vez que ficou em recuperação, Cazuza não teve coragem de ir para casa, foi para o escritório do pai. Fiquei uma fera. Pensava que maternidade era domínio.

O João entrava em cena nessa hora? Ele estava naquela idade em que o homem luta muito. Havia fundado a Som Livre com 33 anos e só pensava em trabalhar. E eu usava a ausência do João como um trunfo. Vivia ameaçando: “Cazuza, seu pai saberá disto”. Era meu último recurso. Eu não estava preparada para aquele filho.

Você era assim com ele porque era seu único filho? Depositava todo o meu futuro nele. Queria que fosse o mais bonito, o mais inteligente, o mais tudo, e isso não é possível. Nunca[chora]. Mas, no fim, ele foi isso tudo [risos].

Quando você descobriu que ele era diferente? Quando tinha uns 15 anos. Percebi que o Cazuza tinha uma cabeça diferente da minha, do pai, da humanidade inteira. Demorei um pouco para notar isso. Quando notei, levei um susto. Imagina só, eu, que nunca nem beijei outro homem na boca, quanto mais transar, ter um filho como ele. De repente cai um Cazuza nas nossas vidas, foi uma loucura. O Cazuza falava: “Mamãe, você é quase virgem, você é louca!” 

E aí você se obrigou a aceitá-lo? Parei, refleti e concluí que era melhor parar de bater cabeça e entender a situação. Porque eu não queria perder meu filho nem o amor que ele tinha por mim. Ainda bem que eu tive essa serenidade [chora]. Porque ele era uma pessoa espetacular. E faz muita falta.

Até hoje? Quanto mais o tempo passa, pior fica. Eles dizem que o tempo apaga tudo. Não é verdade: o tempo só piora. Eu sinto muita falta do meu filho. Muita [chora].

No livro Só as Mães são Felizes você conta que o Cazuza engravidou uma menina, que eles decidiram abortar e que, na época, você ficou aliviada. Como se sente hoje? Poxa, tudo o que eu queria na vida era um neto dele. Quando tinha uns 18 anos, Cazuza voltou do Nordeste cheio de feridas na pele e foi fazer uns exames. Eu dei a ele o dinheiro para pagar tudo. Dali a uma semana, me ligam do laboratório para avisar que os exames estavam prontos e que deveriam ser pagos. Quando o Cazuza voltou, voei em cima dele. Falei: “O que você fez do dinheiro que eu te dei?”. Aí ele contou que tinha usado no aborto. Mas já apareceram vários filhos dele, me mandam cartas até hoje[mostra a mesa repleta de cartas de fãs de Cazuza]. Tem uma que veio até com um fio de cabelo do menino. Não tem nada a ver com meu filho, olha [mostrando a foto do suposto neto]. Eu sempre dou a mesma resposta a essas moças: “Se fizer exame de DNA e for filho do meu filho, vou adorar”. Já me ofereci para pagar o exame. Mas todas sumiram, claro.

“Imagine só, eu que nunca nem beijei outro homem na boca, ter um filho como ele ”
Lucinha Araújo

TFoi difícil aceitar a homossexualidade de Cazuza? Uma vez eu falei para o João que eu achava que o Cazuza era gay. E ele respondeu: “Você está ficando louca! O que você sabe da vida, Lucinha? Eu, que vivo nesse meio, conheço de longe”. Conhecia nada. Eu, dona de casa, costureira, careta, é que conhecia. Mas demorei uns seis meses para ter coragem de perguntar.

Como foi? Um dia, achei uma poesia que ele havia feito para um outro homem e perguntei de chofre: “Escuta uma coisa, você é veado?”. Aí ele respondeu: “Veado é um bicho de quatro patas. Você já me viu andar de quatro? Você está querendo saber se sou gay, é isso?”. Aí ele me disse uma coisa muito bonitinha: “Mamãe, nada é definitivo na vida, não fique assustada”.

Foi um baque? Eu disse: “Meu filho, todo caminho de minoria é muito sofrido, e eu não quero sofrimento para você” [chora]. É uma coisa que a sociedade não aceita. As pessoas mais esclarecidas vão dizer: “Ah, aceita sim”. Mas é mentira. Aceita se a pessoa é famosa. O Ney Matogrosso sempre disse publicamente que era apaixonado pelo Cazuza e todo mundo acha lindo. Mas vai um pobre qualquer chegar numa estação de trem e anunciar que é gay. Vão debochar. De qualquer forma, depois que aceitei a homossexualidade do Cazuza, fui muito mais feliz.

E as drogas? Um dia achei maconha no quarto dele. Nossa, dei um escândalo. Chorei, joguei a maconha na privada, saí gritando: “Meu filho é um maconheiro, vou me suicidar”. E ele: “Mãe, deixa de ser louca, onde já se viu desperdiçar maconha de alta qualidade, isso custa uma nota”. Ele era assim [risos]. Com o tempo, percebi que o Cazuza não era um drogado. Ele usava a droga. É muito diferente. O ruim é quando a droga usa você.

O Cazuza pegou seu código de valores, rasgou e jogou fora? Ah é. Às vezes eu pegava as letras de música dele e pensava: “Meu Deus, de onde esse menino foi tirar tudo isso?”. Um dia ele me entregou o talão de cheques para eu conferir – o Cazuza era muito confuso com dinheiro, sabe? – e num canhoto estava anotado: “pó”. Foi horrível ler aquilo. Mas chegou um ponto em que eu não me escandalizava com mais nada. Eu perguntava: “Meu filho, você está feliz? Então, eu também estou”.

Ele ensinou coisas a você? Muito. Quem garante que eu não teria sido mais feliz se tivesse casado com uma mulher? As pessoas acham que só serão felizes se estiverem nos conformes, e Cazuza sabia que não era assim. Ele fez as coisas que as pessoas tinham vontade, mas deixavam para lá por falta de coragem.

Vocês três eram pessoas muito intensas e diferentes. Essa combinação é meio bombástica, não? Gilberto Braga dizia: “Lucinha, nunca vi três pessoas tão diferentes e tão iguais”. Com o pai, Cazuza brigou duas vezes em 32 anos de vida, mas, quando brigava, caía a casa. Comigo, foram 32 anos de briga. Era raro o dia em que a gente não se esculhambava: “Vai embora daqui, nunca mais quero te ver”. No dia seguinte, estava tudo bem.

Não era muito fácil para ele ser rebelde? Afinal, ele podia quebrar o Baixo Gávea e voltar tranquilo para a casa dos pais. Não era bem assim. A gente nem sabia que ele aprontava essas coisas. Cazuza era um debochado. Menos de 24 horas antes de morrer, já muito doente, me chamou no quarto e sussurrou: “Mamãe, estou morrendo”. Eu respondi, séria: “Meu filho, a gente combinou de não falar assim”. E ele: “Mãe, tô morrendo de fome, porra. Vê aí o que tem para rangar”.

É verdade que uma vez você saiu no tapa com uma vizinha que não queria que o Cazuza usasse o elevador? É. Uma moradora do meu prédio foi falar para o porteiro que não queria que o Cazuza usasse o elevador porque ela ia pegar Aids. Ah, eu fiquei pirada. Mas não queria que o Cazuza soubesse, então fiquei quieta. Um mês depois que ele morreu, me deparei com a mulher na porta do prédio. Desci do carro e dei uma surra nela, em frente ao Country [clube frequentado pela elite carioca, em Ipanema], cheia de sacolas, óculos. Foi um espetáculo.

Vem daí a fama de encrenqueira? [Risos] Encrenqueira, não. Sincera. Ninguém se faz de besta comigo. Quando estou zangada, sai de baixo. 

A Igreja Católica condena homossexuais como seu filho e você é católica. Como resolve isso na sua cabeça? Olha, acredito que existe um Deus. Não acho que você morre, vai para um buraco e acabou. Tem que ter mais. Não sei se é alma, pensamento, mente, energia, mas eu acredito que exista algo que premie os bons e castigue os maus. E meu filho era bom demais.

Mas você não acha incoerente ser católica? Todos os anos, celebro duas missas para meu filho, no Arpoador, na capela da Igreja da Ressurreição. A última, no dia 7 de julho, foi emocionante. O padre pegou o microfone no meio da missa e cantou “Codinome Beija-Flor”. O pároco de lá, padre Zé Roberto, que é secretário desse dom Eugênio Salles, que, aliás, é o maior careta do Brasil, sempre seleciona uma letra de música do Cazuza e lê em voz alta. Não sei se fazem isso por medo de mim, mas fazem [risos].

Você ficou chocada quando ouviu “Só as mães são felizes”? Ah, foi uma coisa de maluco. Não tinha ouvido a música ainda, mas pelo título falei: “Isso é uma homenagem para mim, sou a maior fodona” [risos]. De repente, em pleno Canecão, ele canta aquela música que tem um monte de absurdos. Pior: tem uma hora que ele fala: “E quem nunca quis comer a sua mãe?”. Eu quase tive um troço. O Ney [Matogrosso] estava do meu lado e falou: “Calma, Lucinha, isso é uma imagem, deixa de ser boba”. Hoje morro de rir, mas no dia foi um susto [risos].

“As pessoas acham que só serão felizes nos conformes, e Cazuza sabia que não era assim. Ele fez o que elas tinham vontade mas não coragem”
Lucinha Araújo

Ele se dava muito bem com os pais do Frejat. Como o Frejat se dava com você? Naquela época, bem. Hoje, não me procura muito. Olha, nunca falei isso antes, mas acho que deve ser um peso muito grande para cada um dos meninos do Barão o Cazuza ter existido. Porque ele morreu e virou um mito. Mas o Cazuza era louco pelo Frejat. Era uma relação muito bonita, muito intensa. Tão intense que eu até desconfiava que eles tinham um caso. O Cazuza dizia: “Mamãe você tem uma mente imunda, só pensa merda, né? Eu não posso ter um amigo homem?”.

Como ele te contou que ia sair do Barão? Chegou em casa com o Zeca [o produtor Ezequiel Neves] e disse: “Mamãe, não aguento mais dividir o palco. Não quero dividir nada com ninguém. Não divido nem pai nem mãe, não vou dividir nada”. Aí pensei: “Meu Deus, esse menino não vai fazer o menor sucesso”. Embora achasse que ele era o melhor de todos, fiquei com medo, sabe? Pensei: “Xi, agora ele vai cair na gandaia. Não vai querer cantar, não vai fazer mais nada, só farra”.

Como vocês ficaram sabendo da doença dele? O médico chamou nós dois [ela e o marido] e contou. O Cazuza tinha 28 anos. Eu pensei: “Bom, ele foi ao medico sozinho, é um homem, não fui com ele, não posso eu dar a notícia”. Aí virei pro médico e disse que era ele quem tinha que contar. Ele chamou o Cazuza e contou.

Você ouviu aquilo como uma sentença de morte? Na época fiquei tão chocada que, mesmo sabendo sobre a gravidade da Aids, tive certeza de que a cura seria encontrada em mais um ano, no máximo. Até o dia em que ele morreu, tinha certeza de que ele ia sobreviver [chora].

Você nunca quis saber como ele pegou Aids? Nunca. Porque não interessa. Mas eu acho que foi quando ele morou em São Francisco. Ele passou seis meses lá, quando tinha 20 anos.

Você ficou com Cazuza na UTI até os últimos minutos. Ele sentiu urgência criativa no final? Nem dormia mais, ficava escrevendo, escrevendo, escrevendo. Aí, de manhã, entregava todas as letras para eu passar a limpo porque a mãozinha dele já estava muito fraca.

Você está participando das filmagens de Só as Mães São Felizes, dirigido por Sandra Werneck, que é baseado na sua autobiografia? Vou ao set uma vez por semana, bebo um chopinho com eles e não dou palpite. Só pedi para que não fosse um filme sobre drogas e homossexualismo, e sim sobre um poeta, que, por acaso, era homossexual e usava drogas.

Pouco antes de seu filho morrer, a Veja deu uma capa com o título “Cazuza: uma vítima da Aids agoniza em praça pública”. Na reportagem, o talento dele como compositor era questionado... A imprensa sempre foi muito respeitosa com meu filho. Só a Veja foi filha-da-puta. Mas a Veja para mim é imprensa marrom, não existe. Nunca mais li, quero que eles quebrem.

Você perdoou o jornalista que escreveu a reportagem? Não. É um tal de Alessandro Porro. O Cazuza, quando leu a matéria, foi parar no hospital. Estávamos em Petrópolis e ele estava todo feliz porque ia ser capa da Veja. Aí colocam a pior foto, aquela matéria horrível, toda manipulada. A pressão dele foi quase a zero. O João ficou doido. Passou 48 horas na porta da casa do cara querendo matar ele.

Você não tem mais medos? De nada. Ano passado fui fazer um exame de rotina e descobri que estava com câncer de mama. Pensei: “Mas tinha mais coisa reservada para mim? Que porra de vida é essa?”. Mas aí lembrei que já vivi o dobro do que meu filho viveu. Ele sabia que ia morrer e, ainda assim, conseguiu cantar para o Brasil inteiro, subir no palco, deixar um legado. Foi isso que me deu coragem. Hoje, estou curada.

 Você sente que o Cazuza está com você? Quando ele estava muito magrinho, internado lá em Boston, entrei no quarto um dia e ele me chamou como quem quer contar um segredo: “Mãe, aconteça o que acontecer, vou estar sem pre junto de você” [chora]. Tenho certeza de que ele cumpriu a promessa. Mas não posso conversar com o João sobre isso porque ele não admite a conversa. Esse filme [Só as Mães São Felizes], não acho que ele vá conseguir assistir.

Cada um resolve a morte de uma maneira muito particular, não? É. O João não sabe onde Cazuza foi enterrado. Nunca viu o túmulo. Não conseguiu ir ao enterro. Chegou ao cemitério e desmaiou. Nunca mais conseguiu ver um vídeo do Cazuza. 

Vocês falam sobre a morte dele? Você sabe que eu nunca consegui chorar com meu marido a morte de nosso filho? Ele não deixa, não admitia perder o filho. João dizia muito isso para o Cazuza: “Meu filho, vendo minha alma ao diabo, mas você não vai morrer porque eu não vou deixar”. Uns três meses antes de morrer, Cazuza começou a ligar para o escritório do João: “Papai vem pra casa dizer aquelas coisas para mim”. E o João ia.

Você ficou amiga da Cássia Eller, que regravou Cazuza, embora não tenha tido tempo de conhecê-lo bem? Muito. O Cazuza tinha acabado de morrer quando uma amiga levou a Cássia lá em casa. Ela contou que havia sido apresentada ao Cazuza num show, mas que ele mal olhou na cara dela [risos]. E disse: “Nosso desencontro foi providencial porque, se a gente tivesse topado um com o outro, ia ser um deus-nos-acuda”. Onde quer que eles estejam, não deve estar legal. Ou então está legal demais [risos].

Você fala com o Ney Matogrosso? O Ney é um grande amigo, a pessoa mais íntegra que conheço. A memória que tenho do enterro do meu filho é da mão do Ney no meu ombro [chora]. Ele ficou ao lado de Cazuza até o ultimo minuto. Outro dia, me ligou para perguntar se eu me incomodava de ele dizer publicamente que foi apaixonado e teve um caso com meu filho. Eu respondi que tinha o maior orgulho. Porque o Fantástico colocou a coisa como se tivesse sido um grande furo, mas todo mundo sabia, o Ney já tinha dito isso várias vezes.

Não é sofrido trabalhar com crianças soropositivas, cujos pais viveram o mesmo drama do seu filho? Falo muito do Cazuza com eles, canto as músicas. Às vezes, eles perguntam do que ele morreu. E eu explico: “O Cazuza morreu da mesma doença que os pais de vocês morreram e da mesma que vocês têm. Só que vocês agora vivem um outro tempo, com outros remédios”.

A Sociedade Viva Cazuza deu mais sentido à morte dele? Sempre penso o que seria das 57 crianças que já passaram por aqui se meu filho não tivesse tido Aids. Isso não me satisfaz completamente, mas é uma das explicações. Ainda hoje me pergunto: “Por que com meu filho, coitado?”. Todos os amigos dele fizeram as mesmas loucuras e estão vivos até hoje. Então, por quê? Essa é uma pergunta que não sai da minha cabeça.

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