Cobrar por trabalho é mais difícil que terminar namoro!

Noventa por cento da humanidade é capaz de fazer tudo, menos cobrar por um trabalho. Nós, mulheres, em geral nos achamos um lixo e cobramos pouco. Investigamos o fenômeno e fomos atrás de dicas para mudar isso

Com a idade, a gente aprende a fazer tudo na vida. A se separar, parir filhos, cuidar de doentes, ir a enterros, andar de salto, discutir com chefe, tudo. Só não aprendemos a cobrar por um trabalho. Quando encomendam um serviço e você ouve a frase “pode mandar o orçamento”, sua primeira sensação é de desespero? Sim, essa frase parece mais apavorante do que ouvir “acho que estou apaixonado por outra pessoa”. Isso porque, em pesquisa realizada com 90% das pessoas que conhecemos (as outras 10% são ricas), concluímos que:

1. Sempre achamos que valemos menos.

2. Pensamos que alguém dar um trabalho para a gente é tipo fazer um favor.

3. Temos pena de cobrar muito. Somos capazes de sentir pena até de uma corporação milionária: “Tadinhos, será que não é muito para eles?”. Claro que não é.

Por causa dos fatores acima, sempre corremos o risco de cobrar um valor ridículo (aquele que o cliente responde na hora: “Fechado”, deixando evidente que você poderia ter pedido o dobro). Pode ser que a gente nunca aprenda. Mas não custa tentar. Então vamos às dicas:

1. Antes de mandar o e-mail com o orçamento, repita quatro vezes para si mesma: “Eu sou uma adulta, eu sou uma adulta”.

2. Nunca, jamais responda a um e-mail desses usando calcinha ou cueca. Quem trabalha em casa muitas vezes fica assim o dia todo, mas não dá: arrume-se para se sentir com aparência de responsável.

3. Ligue para quatro amigas ou amigos que sabem ganhar dinheiro. Todo mundo tem nem que seja um primo com esse talento. Faça uma média entre a opinião dos quatro e acrescente 20%, já que no fundo a tendência dos nossos amigos, que são humanos, também é cobrar pouco.

Enquete rápida: como você cobra por um trabalho?

“Meu departamento de orçamento é o pior do mundo, cobro sempre a metade do que deveria. A sorte é quando a proposta parte dos contratantes: como acham que ganho muuuiiito dinheiro, acabam sempre oferecendo algo melhor do que eu poderia estipular.” (Xico Sá, jornalista, escritor e libriano desorganizado)

“Coloque num papel tudo que o trabalho envolve. Se você terá que ir em uma ou dez reuniões, por exemplo. Tudo isso é tempo! Se nunca fez o tipo de trabalho, ligue para amigos para ter um parâmetro. Estabeleça até quanto você desce na negociação e seja fiel a isso. Depois, importante: não se torture se você não for escolhida porque cobrou caro. Ou quando sacar que podia ter cobrado mais. Acontece com todo mundo.” (Jô Hallack, jornalista, roteirista e virginiana que ama planilhas de Excel)