Ainda não comeu? Então nem pense em sair de mãos dadas!
Ainda não comeu? Então nem pense em sair de mãos dadas!
Não tem problema nenhum as pessoas gostarem de andar de mãos dadas. Pode ser lindo, às vezes pode ser tocante ou até corajoso e invejável. Mas nada pode atrapalhar mais o prognóstico otimista de um casal que está começando a se conhecer do que andar de mãos dadas na hora errada. Há um certo caminho a ser percorrido antes de sair dando a mão para alguém. Entrelaçar os dedos ou enganchar apenas um deles de forma milimetricamente despretensiosa é algo que a gente conquista. Por exemplo, não dá nem pra imaginar engatar a mão com alguém com quem a gente ainda não transou. Dá pra beijar, se esfregar, puxar com força ou cutucar partes estranhas, mas dar a mão, jamais! Como eu disse, dar a mão a gente conquista, e a conquista passa pela cama (sofá, banheiro ou cozinha, depende da disposição do casal). Aliás, várias coisas são conquistadas quando o assunto é um affair em franca atividade. Quem ainda não comeu gostoso também não deveria ter o direito de levar o par a eventos familiares e/ou corporativos de qualquer ordem. Deveria ser proibido por lei! O chefe, o cliente e a tia Leide, só depois da certeza de que outros fins de semana existirão entre nós.
Podemos nomear essa categoria de “passeio”. Fase em que os fluidos já se mostraram entrosados e você sabe a cor de partes reservadas e de difícil acesso do outro. Aí, você pode, se quiser, entrelaçar os dedos em uma ocasião pública. Ou expor o ser em fase de teste ao quiproquó da firma. Alguém pode retrucar: “Mas tudo é sexo?”. Não, nem tudo é sexo: quando você está casado há dez anos ou um dos filhos está doente, o sexo pode esperar, dar as mãos e apertar forte valem mais do que mil chupadas; mas quando sua ideia é posar de cônjuge pela primeira ou segunda vez, ele, o sexo, não pode ser um item esquecido no meio do caminho. Tem que comer! E comer direito.
Tudo em seu tempo. Se antigamente era preciso fazer cera no portão, pedir a mão e dar certeza dos sentimentos envolvidos para apropriar-se do sabor alheio, hoje é preciso trepar para poder fazer cera no portão. Bem mais justo.
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