Muitas delas já passaram dos 70, mas podem entender de tecnologia tanto quanto você
As lojas da Apple oferecem aulas particulares para usuários chamadas One-toOne. Basta comprar um computador parater o direito de adquirir um passe anual de US$ 99 e ir à Apple quantas vezes por ano você quiser. Lá, os “professores” ficam uma hora com você, te ensinando desde a nova versão do iMovie até onde fica o botão para ligar o iPad. Mas não estou aqui para fazer propaganda da Apple, e sim para contar que o número de pessoas que chamamos de “idosas” tomando essas aulas é impressionante. Até mesmo o meu pai, um enxuto rapaz de mais de 70 anos (fazendo aula de iPad), ficou impressionado ao ver uma senhora de 94 anos aprendendo a manejar seu laptop.
Mente em forma
A vida é curtíssima. E enquanto muitas mulheres passam parte dela querendo saber como voltar para trás, com plásticas disso e daquilo, outras olham para a frente para saber como funciona o novo iPhone 4S – como esta senhora da foto, que tirei em novembro passado, na Apple do bairro SoHo. Por 50 minutos, ela não desgrudou os olhos de seu novo aparelho, fez dezenas de perguntas ao jovem professor e mostrou que na sua idade ainda tem muito o que aprender. Se ela estivesse no espelho contando o número de rugas que tem em cada lado do olho, talvez não teria tempo de estar ali, entre tantos “pirralhos”, absorvendo o novo século.
Essas “senhoras da Apple”, imagino eu, devem ser as mesmas nova-iorquinas que frequentam as matinês de cinema nas retrospectivas do Almodóvar, às duas da tarde. Ou as mesmas que assistem aos ensaios abertos no Lincoln Center, às 11 da manhã. Ou, então, as mesmas que trabalham como voluntárias guiando turistas no Metropolitan ou no Jewish Museum. São mulheres que sabem viver – e que nos emocionam. Por serem assim, aposto que todas tiveram uma vida para lá de interessante. Em vez de sonharem com o rosto que tinham na década de 40, elas viram a página e vivem o hoje. E, hoje, seus rostos refletem experiência e sabedoria acumuladas desde a época do gramofone. E isso se chama arte de envelhecer. You go, girls.
Tania Menai é jornalista, mora em Manhattan há 15 anos e é autora do livro Nova York do Oiapoque ao Chuí, do blog Só em Nova York, no site da Tpm e também do site www.taniamenai.com