Ele acha que só pega top, é o cara mais gostoso do universo e conta vantagem sozinho. Como acabar com a síndrome do HMD?
“Eu só vou continuar morando em Berlim se eu arrumar uma mulher. Mas tem que ser alemã. Não quero francesa. Não quero inglesa. Tem que ser alemã e gata.” O cara falava isso alto, muito alto. Mas que tipo de alucinação ele vivia? Quem ele achava que era? Era efeito de qual droga? Olhei e vi um menino normal com sotaque carregado de carioca falando para uma audiência animada de dois caras. “Na Itália, oh, arregacei. Peguei uma italiana que era top, oh, top, saca? Top model”.
Todo o amor pelo Brasil que senti saindo do show do Criolo em Berlim pareceu desaparecer por alguns segundos depois de ouvir esse discurso alucinado de um brasileiro perdido na porta do show. Respirei fundo. Fiquei com vontade de mandar calar a boca. Me controlei. Afinal, tratava-se de uma espécie tipica: o homem brasileiro com sindrome do macho delirante. Há tempos não via um.
Os portadores da síndrome se olham no espelho e ao invés de verem um cara normal, veêm um homem irresistível, um Brad Pitt, um George Clooney. Ou mais que isso, nem o Clooney nem o Pitt podem ter tanta auto confiança.
É famosa a imagem do louco de hospicio falando: "eu sou Napoleão, eu sou Napoleãa!" Pois o HMD faz o mesmo: “eu pego todas, eu pego todas, eu pego as mais gatas, eu sou foda, eu sou foda”. Ele é um maluco que fala sozinho. E sabe aquele velho clichê de que o melhor é nao dar corda para maluco? Pois é. Se alguém falar qualquer coisa para o macho em delírio ele vai TER MAIS MOTIVO PARA SER LOUCO. Exemplo: peça para ele mostrar uma foto da menina. Toma-se fotos de gostosas em selfies, toma-se foto de menina pelada, sim, porque esse é o tipo de cara capaz de cometer o crime de tirar uma foto de uma menina e sair exibindo por aí para provar o seu surto de mania de grandeza.
Que tipo de ambiente cria uma anomalia dessas? Ah, talvez uma mãe que fale o tempo todo o quanto ele é lindo, e o quanto a irmã é gorda. Talvez um mundo onde para se dar bem na escolar você tenha que inventar essas histórias e participar de concursos de quem pega mais, ou melhor, de quem sofre de alucinações mais sérias. O padrão se repete na faculdade, no trabalho, para sempre, coitado. Até que esse portador de machismo delirante veio parar sabe-se lá como na porta do show do Criolo em Berlim. Eu não via um há tempos, repito. Eu não tenho amigo assim.
Desejo: que o sujeito realmente tente pegar a tal mulher alemã. E use as técnicas que esse tipo está acostumada a usar: puxar cabelo, chamar de gostosa, falar: “vamos para casa comigo, gatinha?”, andando atrás da pessoa insistindo . E que a menina dê um tapa nele. Na verdade, dois. Quando alguém está tendo um surto é necessário dar um tapa para que a pessoa volte. Espero, sinceramente, que alguma mulher alemã se encarregue de fazer esse serviço.
Boa sorte, meu irmão!