Para as maconheiras, com amor

por Nathalia Zaccaro

A revista americana Broccoli é feita só por mulheres e é a primeira publicação feminina voltada para as minas sofisticadas, inteligentes, criativas e maconheiras

Maconheiro é aquele que fuma maconha. É um cara de dread no cabelo, camiseta do Bob Marley, chinelo no pé e sujeira atrás da unha de tanto dichavar erva. Ou então é um mulher chique, inteligente, criativa, empreendedora, ligada em arte, moda e design. Parece estranho? Mas não é. Queimar cannabis é uma atividade democrática, pode agradar a uma incrível variedade de perfis. Mas uma coisa os une: a necessidade de lutar pela legalização do uso da planta e contra a estigmatização de seus usuários.

A designer norte-americana Anja Charbonneau está empenhada em contribuir. "Queremos normalizar o uso da maconha, especialmente entre as mulheres", explica. Com isso em mente, e também com uma aguçada visão de mercado, ela lançou em novembro a revista Broccoli, a primeira publicação feminina voltada para as maconheiras. A capa da primeira edição é um delicado arranjo de flores cheio de plantas de maconha que elimina de vez o estereótipo do maconheiro desleixado. 

A revista, desenvolvida por uma equipe só de mulheres, lança um olhar refinado para os assuntos que envolvem a cultura canábica. Nos Estados Unidos ela é distribuída gratuitamente. Por aqui, dá para pedir online e pagar o frete. A próxima edição sai em abril do ano que vem. 

Entramos na brisa da Broccoli e trocamos uma ideia com Anja sobre a importância de criar conteúdo para mulheres contemporâneas, criativas e chapadas. Dá um pega:

Você enxerga a Broccoli como um ato político?  Sim, definitivamente. Acreditamos que a cannabis precisa ser acessível, então precisa ser legal. Quem usa não pode ser julgado. Sem falar na maconha medicinal, que finalmente está sendo estudada. Defendemos que o uso seja legalizado, assim cada individuo decide se quer ou não usar. 

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Por que você decidiu focar em mulheres que gostam de maconha? Nosso time é composto só por mulheres, então foi um foco natural. Precisamos ouvir mais as vozes femininas na mídia, não apenas sobre maconha, mas sobre todos os temas. As leitoras da Broccoli amam o universo da arte, da criatividade, música, design, literatura. Maconha é um elemento que pode ser um meio de interação com todas essas outras parte da vida. 

Por que é importante ter uma equipe 100% feminina? Como estamos criando conteúdo para mulheres, é importante que ele seja criado por mulheres que compreendem a perspectiva e as experiências das leitoras. E temos orgulho de ser uma empresa feminina, queremos ver cada vez mais mulheres em cargos de poder. 

Como funciona a curadoria do conteúdo? As matérias são sempre ligadas a maconha? Buscamos um equilíbrio entre conteúdos sobre maconha e outros que sejam divertidos. Por exemplo, nossa primeira edição tem um artigo sobre o CBD, o componente químico da cannabis que tem benefícios a saúde, mas não te deixa chapada. Além disso, temos textos sobre arte que não estão diretamente conectados ao tema. 

Como vocês fazem para agradar os leitores chapados? Pensando no design, fizemos tipografias distorcidas e investimos em imagens meio mágicas ou psicodélicas. 

O que tem te surpreendido na Broccoli?A parte mais incrível tem sido descobrir como essa comunidade é muito maior e mais global do que imaginávamos que seria. 

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