por Ana Manfrinatto

Não tivemos feriado mas comemoramos o grito de independência ou morte com muito garbo e elegância

Eu não desci para a praia, não fui a nenhum churasco na chácara de alguém no interior e muito menos tirei o feriado para curtir a cidade vazia. Eu estou aqui trabalhando e confesso ter alguma inveja dos meus amigos que estão em Bertioga (litoral de São Paulo) pensando no melhor horário para “subir” sem pegar muito trânsito.

Mas não é por isso que os expatriados deixam de celebrar o grito de independência ou morte às margens plácidas do Ipiranga. Na sexta-feira passada duas amigas e eu fomos à festa anual da Embaixada da República Federativa do Brasil em Buenos Aires. Duas palavras definiram a noite: garbo e elegância.

O evento aconteceu na residência do embaixador do Mauro Vieira, um palacete que por si só já é um espetáculo. Por entre os salões e os jardins circularam uns dois mil convidados. Eram presidentes de empresas, senhores pomposos com uniformes cheios de comendas e celebridades como Mirta Legrand – nada menos do que a grande dama da televisão argentina, espécie de Hebe Camargo com programa diário na TV.

“É impossível conseguir uma Coca-Cola Light por aqui”, comentou um argentino que é diretor de uma grande empresa brasileira em BsAs à minha amiga Mariana. É que os dois bares dispostos na festa eram uma verdadeira ode a relação bilateral: bom vinho argentino, boa cachaça brasileira, drinks com boas frutas argentinas e com boas frutas brasileiras. E por falar nisso, o boato era de que a festa foi antecipada para a sexta-feira para não acontecer no mesmo horário da partida Brasil X Argentina e, assim, não causar animosidades.

Estava tudo muito bonito. E as sobremesas, deliciosas: mousse de maracujá com chocolate, creme brulee de abóbora, flan de coco e otras cositas más que eu não consegui provar. A música também estava bem selecionada e nos entreteve bastante na pista de dança.

Mas nada comparado ao lavabo do embaixador: de tão grande que era, tinha uma ante-sala. Pia de mármore, esculturas, quadros e até uma armadura de um homem medieval. Gostamos tanto que tiramos foto. E quando achamos que estávamos vivendo o nosso dia de gata borralheira que sonha um dia em morar num palacele daqueles, caímos na real e pensamos: - “Essa casa deve dar um trabalho para limpar.”.

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