Há dois anos a produtora e relações-públicas Fernanda Thompson, 38, recebeu uma proposta inesperada para vender o apartamento onde morava com a família nos Jardins, em São Paulo. Depois de 20 visitas pelo Alto de Pinheiros, bairro da escola das filhas, a corretora indicou uma casa “muito estranha, cheia de desníveis”, de 900 metros quadrados, desenhada pelo arquiteto Ruy Ohtake – por coincidência, amigo de longa data da família de Fernanda. Foi amor à primeira vista.
Projetada em 1981, a casa, toda de concreto, tem quatro pavimentos. Para garantir a entrada de luz natural, o espaço ganhou janelas, claraboias e estruturas vazadas. O acabamento, impecável, foi feito uma única vez, há 30 anos. “Não precisei fazer nada, passei um pano e me mudei, e parece que tudo foi feito ontem”, explica Fernanda.
O grande trunfo da casa, porém, é a vista da cidade que se tem do fundo do terreno, que ainda conta com projeto paisagístico de Burle Marx. “Temos dez palmeiras-imperiais que são inacreditáveis, é um privilégio morar aqui.”
Quando viu a decoração, Fernanda se assustou com as escolhas dos primeiros donos, com móveis de design dos anos 60 e 70 – muito couro e metal. No fim, decidiu por trazer os móveis que já tinha, mais tradicionais, herdados do pai e da avó. “Achei que minhas coisas deram uma aquecida na casa.”
Preocupada em não interferir na arquitetura original, que para ela é como uma obra de arte, o único espaço que teve intervenção foi a grande varanda, onde a família passa os fins de semana. O chão de concreto ganhou revestimento de grama sintética e o teto, uma instalação com cem luminárias de vidro soprado e lâmpadas de LED desenvolvidas pelo arquiteto e amigo Filipe Troncon. “Quando acesa, a instalação é linda, a varanda vira um lugar especial.”
“Todo mundo que vem aqui comenta: ‘Como você é moderna’. Mas essa casa tem 30 anos! Modernos são os antigos donos, que encomendaram a casa!”, finaliza Fernanda.
Aquecendo a casa
Espaços amplos e pisos de concreto ou porcelanato costumam deixar o ambiente “frio”. O arquiteto René Fernandes Filho dá dicas de como deixar um ambiente – ou a casa toda – mais “quente” e aconchegante.
Tapetes
Para René, é a arma mais eficiente para aquecer um lugar. Mas é necessário escolher bem. O ideal é partir para um persa antigo (se você está podendo) ou para um modelo rústico com pontos grandes.
Cortina
“Tecidos de uma maneira geral aquecem”, diz. Mas é preciso analisar o projeto do espaço. Se sua casa tem ares contemporâneos como a casa de Fernanda, esqueça.
Móveis com mais estofados
Ajudam a absorver o som e a segurar a reverberação. Aqui vale de tudo. Desenhos mais contemporâneos ou mais clássicos, você é quem decide.
Quadros ou tapeçarias
“Vestir” a casa de quadros ou tapeçaria (principalmente peças brasileiras dos anos 50 e 60) traz um conforto no olhar e ajuda no conforto acústico.
Lustres e abajures
Um projeto de iluminação bem-feito faz a diferença. Vale investir.