#CasaTpm2015: o domingo

por Camila Eiroa

Consumo consciente: discutimos o consumo na periferia, seus impactos para o mundo e a publicidade infantil. Ana Cañas fechou a noite com muito rock

O domingo começou agitado com o primeiro debate: Você é o que você consome? No palco, a atriz Maria Ribeiro conversou com a consultora de moda Bia Paes Barros e Arthur Bueno, que é um confesso comprador de livros. Com mediação de Fernando Luna, ninguém mentiu sobre suas manias consumistas. "Em uma liquidação, as peças estão de 300 por 150 reais. Eu tenho a impressão de que a pessoa está me dando 150 reais", disse Maria.

Para Arthur, "no mundo que a gente vive cada um tem o seu foco de consumo próprio". Ele acredita que existem duas representações diferentes entre homens e mulheres quando o assunto é compras: "O que se espera, é que o homem seja mais comedido. Tradicionalmente as representações da mulher consumista é normal, mas para o homem é diferente. Ele tem que ser o provedor, o cara que trabalha."

Bia, que também é apresentadora do Vamos combinar?, do GNT, defende a ideia de que "a indústria da moda precisa girar, cabe a nós ter a consciência de não se entregar". Maria se assume viciada em fast fashion e defende a ideia de que a moda tem seu lado bom. "Tem uma coisa realmente lúdica na moda que me faz bem. Eu acho bom todo dia poder me vestir de uma maneira que eu ache incrível, nem que seja só pra mim", disse a atriz.

E já que o tema do domingo na Casa era consumo, a próxima mesa não podia deixar de fora o universo infantil e as influências da publicidade. A cineasta Laís Bodanzky falou para Renata Leão, que mediava a conversa, que a melhor forma de educar é pelo como você se comporta no dia a dia. "Muitas vezes o adulto projeta na criança aquilo que ele queria ser. Ele não queria ser consumista e se incomoda no filho ser. Ele impõe uma cobrança na criança que as vezes é um problema mal resolvido nele mesmo", disse.

Também participando da conversa, Isabella Henriques, do Instituto Alana, contou um pouco sobre o que faz em seu trabalho. "O consumo virou um meio de entretenimento e todas as famílias são impactadas. A gente briga para que as crianças não sejam alvos das propagandas. Procuramos ajudar os pais a lidarem com a educação no dia a dia." Ao seu lado, a psicóloga e terapeuta Tai Castilho disse acreditar ser necessário ajudar as famílias a criarem uma resistência para os estímulos consumistas que chegam pelos veículos de comunicação.

Durante a tarde, o público da Casa Tpm pode se divertir com as atrações que rolavam paralelamente aos debates. Logo na entrada, um painel foi instalado para assistir a performance artística de Leonora Barros. Em cada cantinho da casa, as visitantes (e os visitantes) podiam tirar fotos personalizadas e experimentar novas maquiagens.

Enquanto isso no palco, a jornalista Claudia Giudice deu uma ideia em cinco minutos sobre a história que relata em seu livro A vida sem crachá. Nele, a jornalista conta sobre a dor de ser demitida de uma empresa que dedicou tanto tempo: "O assunto demissão é um tabu. Ninguém tem coragem de falar que foi demitido. Ao ficar sem crachá, eu fui viver minha vida e entendi que eu não precisava procurar outro crachá."

Em seguida, Eliane Dias, a sócia e também mulher de Mano Brown, trocou uma ideia com nossa colunista Milly Lacombe sobre consumo na periferia. "Na periferia estão consumindo mais coisas do que se precisa. Existe um abandono, isso faz com que os jovens periféricos consumam de forma errada. Viveríamos bem melhor e mais felizes se gastássemos um décimo do que a gente gasta, mas a propaganda é uma coisa que funciona, que entra no fundo da alma", disse a empresária.

Para tentar entender melhor as questões do impacto das produções, a próxima mesa teve como convidadas Claudia Visoni (agricultora urbana), Pamela Magpale - que tem uma marca vegana de sapatos, a Insecta Shoes - e a mestra em ciências holísticas Juliana Schneider. Com mediação de Lia Bock, a conversa levantou questões como o custo de produção de orgânicos e a quantidade de agrotóxicos que consumimos diariamente.

"Se o produtor de agrotóxico tivesse que pagar o tratamento de câncer do empregado dele, aquilo seria 20 vezes mais caro que o produto final. O que acontece é que externalização de custos é um conceito de economia. Eu fico com o lucro e o consumidor vai ficar com prejuízo", disse Claudia.

Enquanto todos se preparavam para o show de encerramento, deu para curtir as comidinhas no quintal e tirar mais algumas fotos instantâneas pela casa. Pista liberada. As luzes se apagaram e quem subiu ao palco para cantar nesta última noite de Casa Tpm 2015 foi Ana Cañas. A cantora recém lançou seu quinto disco, Tô na vida, e embalou a plateia com as novas canções, os hits mais famosos que fizeram todos cantarem juntos e muito rock’n’roll.

Já estamos com saudade!

 

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