Fetiches do Amor

Trip / Amor / Sexo

por Luiz Alberto Mendes

ESPAÇO  PARA  O  AMOR

 

 

Haverá um lugar propício para o amor? Um espaço onde ele se manifeste com maior intensidade e volume? A cama, por exemplo? Não creio.

Antes, me parece, cada um tem o seu lugar para viver seu melhor prazer. Conheci uma garota que gostava de modo no mínimo inusitado. Colocava a cama sob cavaletes. Transava em baixo. Fora escondido embaixo da cama que se tornara mulher. E era ali que pressionada pela cama e pelo companheiro, vivia mais intensamente seu prazer. Masoquista? Não creio. São fetiches, sensibilidades que anseiam vivenciar seus extremos. Censurar? Já esta tão complicado para as pessoas usufruírem seus prazeres, que quando o conseguem, é preciso que sejam respeitados em suas intimidades.

Há quem goste no chuveiro. As pernas bambeiam, mas pode ser até um toque a mais de prazer. Sob a chuva deve ser muito bom. Aquele aguaceiro, raios, trovões e a eletricidade no ar... Excitante, imagino. Há quem goste na praia. Dentro do mar, corpos semi-imersos, as ondas fazendo subir e descer... Com certeza deve ser uma delícia, mas desaconselho. Disseram-me que o sal da água queima a pele e arde muito depois.

A mesa da cozinha tem sido palco de muitos embates sexuais. Um tanto anti-higiênico, mas como lavou está novo, então estão mais que certos. O amor que se alimenta, nunca muda de endereço, ouvi dizer. Tapetes da sala, naves interplanetárias em busca de galáxias úmidas e satélites duros. Fere os joelhos e as costas, mas, tomando certos cuidados, uma boa pedida. Não muito criativa, mas enfim...

Na hora mais lúcida, escolher, inventar ou improvisar o espaço torna-se parte crucial da história. Até o telhado não escapa. Muitos tiveram suas iniciações masturbatórias nas alturas. Era um ótimo resguardo da curiosidade alheia. Hoje, com os edifícios, ficou mais difícil. O sujeito esta lá, homenageando a vizinha gostosa e centenas de binóculos a focá-lo. Muita gente cuidando da vida alheia, por que será, hem? Falta de tesão na própria vida?

De muita coisa é feita a vida. Alguns a fazem no estacionamento, por entre carros, atrás de muros, praças escurecidas, elevadores, no mato (dizem que dá uma coceira depois...), ou mesmo na cara de pau para que todos vejam. Aqueles que gostam de se exibir, chocar. Nenhuma censura. Apenas que senso de ridículo cai bem e percebam: não estão chocando mais ninguém.                                    

Tenho um amigo que gosta de levar, furtivamente, suas parceiras para garagens de ônibus à noite. No fundo de ônibus vazios, na madrugada, ele faz sua festa.  Ouvi dizer de outro que gosta em cima de pontes e que, pôr vezes, na hora do prazer, se atirava dentro do rio. No interior do país, tudo bem, é até saudável, deve refrescar na hora. Mas já pensou um doido desses se atira do Tietê em pleno centro de São Paulo? Quando chegar à margem, caso consiga chegar, estará podre. Não aconselho também. O prejuízo menor será perder a parceira.

Enfim, cada um com sua estratégia de alcançar seus prazeres. Eu cá também tenho os meus e vivencio com toda naturalidade que sou capaz. No alto da montanha, no vale, em cima das águas ou no ar, importa é ser feliz e viver toda alegria prazer que somos capazes.

 

Luiz Mendes

19/08/2009.

 

fechar