A Copa do Mundo de moradores de rua de 2005, na Escócia

por Redação

A seleção brasileira dos sem-teto representa o país na Escócia

Nem Kaká nem Ronaldinho. Muito menos Adriano ou Robinho.

A seleção brasileira dos sem-teto, que vai representar o país na Escócia, tem muito mais que quatro craques. 

A jogada está lá, toda ensaiadinha, na cabeça do craque. Pego a bola e me afasto um pouco. O marcador vem para cima, dou um chute e fico com ela mais na frente. Aí, é só correr e fazer o gol, explica Sérgio Borges de Carvalho, 38.

A época do gol também está definida. Será entre 19 e 24 de julho, em Edimburgo, na Escócia.

Lá, vai acontecer a terceira edição do Homeless World Cup Street Soccer, a Copa do Mundo de moradores de rua (ou em situação de rua).

Sérgio, por exemplo, dorme num albergue em São Paulo, o Arsenal da Esperança, e vive da venda da revista Ocas, publicada pela Organização Civil de Ação Social, entidade responsável pelo time brasileiro.

Em voz baixa, ele diz: Todo mundo que vai lá é campeão, não interessa quem ganhe. Mas quando incorpora o boleiro que já foi a voz fica forte e o olhar ganha brilho. Era artilheiro, conta. Quero fazer muitos gols e comemorar cada um de um jeito.

As seleções têm oito jogadores: um goleiro, três na linha e mais quatro reservas. Podem jogar mulheres e homens. Entre os participantes, países como Itália e Suécia. Sim, há sem-tetos também onde a exclusão é menor, geralmente os problemas psicológicos e familiares levam ao álcool e daí ao desemprego.

No Brasil, é o desemprego que leva à bebida. Sérgio fala pouco sobre sua história. Assume apenas que tem um filho de 15 anos, que não vê há tempos. Nada mais. Não quero falar sobre isso. Certo. Pedido de craque não se nega.

Por Luis Augusto Símon

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