Filmado na ilha de Fernando de Noronha, o novo longa do cineasta pernambucano estreia este mês nos cinemas
Amor, incesto e o impacto da chegada dos integrantes de um circo numa ilha são temas de Sangue azul, o novo longa do pernambucano Lírio Ferreira (co-diretor, junto com Paulo Caldas, de Baile Perfumado, de 1996), que estreia este mês nos cinemas. Rodado na paradisíaca Fernando de Noronha, o filme tem como protagonista Daniel de Oliveira no papel de Zolah, homem-bala do circo Netuno, que volta à terra natal para um acerto de contas com o passado. Vinte anos antes, sua mãe, Rosa (Sandra Corveloni), dera a guarda de Zolah ao dono do circo por temer uma relação incestuosa dele com a irmã, Raquel (Caroline Abras).
À Tpm, o diretor falou sobre o longa, com trilha sonora de Pupillo – baterista da Nação Zumbi –, eleito o melhor filme de ficção no Festival do Rio 2014 e exibido no Festival de Berlim deste ano.
Como foram as filmagens em Noronha? Foi um desafio porque envolve uma logística complicada por causa da distância do continente. Tudo é muito caro lá. Levamos 27 toneladas de equipamento numa balsa saindo de Recife. E tem toda a atmosfera de loucura daquele lugar no meio do oceano Atlântico, entre o Brasil e a África, na boca de uma formação vulcânica de 4 mil metros de profundidade. Tem gente que chega lá e pira, entra no que os moradores chamam de “neuronha”. Mas eu precisava daquela atmosfera, não dava para filmar em um estúdio em São Paulo. A geografia, a história da ilha e suas lendas exercem um poder muito grande.
O longa alterna cenas em preto e branco e coloridas. Qual é o objetivo? Noronha é um paraíso deslumbrante, todo mundo já vem com essa ideia na cabeça. Então fiz um trabalho com o Mauro Pinheiro [diretor de fotografia] para que a gente colocasse aos poucos essa noção de beleza, começando com as cenas em preto e branco para depois explodir em cores, com a chegada do circo.
A beleza do lugar atrapalha? Não atrapalha, mas pode desviar o olhar para uma coisa só. Existe toda uma história de vida na ilha, dos habitantes, que não é a realidade dos turistas. A chegada da nossa equipe de filmagem foi parecida com a chegada do circo Netuno no filme, com toda aquela disputa por território e pelas mulheres [risos]!
Por que o nome Sangue azul? Tem isso de pessoas de uma mesma família, inclusive irmãos, se relacionarem numa ilha, que pode remeter a sangue azul. Azul é a cor do mar, que cerca Noronha, e de Iemanjá, rainha do mar. Cada um tem seu azul.
Vai lá: Sangue azul, de Lírio Ferreira. Estreia dia 4 de junho nos cinemas.