Existe cor-de-rosa-choque na cultura chicana em São Paulo. Mas não provoque
Um grupo de homens tatuados vestindo Dickies (calça larga cáqui), camisetas Dogders e bonés foi o primeiro contato que a jornalista americana Phuong-Cac Nguyen, 37 anos, teve com a cultura lowrider em São Paulo. Natural de Los Angeles, berço desse estilo de vida nascido entre imigrantes mexicanos que curtem hip-hop, bicicletas baixas e carros antigos, ela identificou na hora a versão paulistana dos cholos. Muitos outros encontros depois geraram o curta-metragem South American Cholo, sem data de estreia no Brasil.
Única mulher a falar no documentário – o ambiente é predominantemente masculino –, Mariana Martins conheceu os cholos em 2006, por meio do marido, e acredita ser a primeira brasileira a montar uma bike lowrider. “No nosso clube, agora, há outras mulheres fazendo bikes, mas a minha deu o pontapé inicial”, conta a analista contábil de 28 anos.
“No nosso clube, agora, há outras mulheres fazendo bikes, mas a minha deu o pontapé inicial”
Mariana esperou seis anos para ter a bike pronta – os acessórios vêm de fora e os impostos são altos. A indumentária, parte importante dessa cultura, passou pelo mesmo problema. Até pouco tempo atrás, o tênis Nike Cortez, ícone do lowrider, só era encontrado na Galeria do Rock, no centro de São Paulo. Não havia Dickies para mulheres. Outros elementos femininos são as bamboo earrings, argolas grandes e douradas, topete e delineador marcado – quase uma pinup dos anos 50. Quase. Porque as cholas gostam de aparecer com a cara fechada, quase sisuda. “Acho que é uma forma de transmitir postura e respeito”, explica a garota.