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Reescrevendo a história

por Natacha Cortêz
Tpm #140

Documentário desmistifica suposto suicídio de Iara Iavelberg, guerrilheira e companheira de Lamarca contra a ditadura

Mariana Pamplona não carrega o sobrenome de sua família. “Meus pais tinham medo de que eu pudesse sofrer algum tipo de represália do regime militar”, explica a roteirista. Mariana estava na barriga da mãe quando seus avós receberam a notícia da morte de uma das filhas, Iara Iavelberg. Iara morreu em Salvador, na Bahia, em 1971, em um cerco das forças de segurança do regime militar. Tinha 27 anos e vivia havia pelo menos seis na clandestinidade.

Quarenta e três anos depois da morte da tia, Mariana lança o documentário Em busca de Iara, do qual é idealizadora e roteirista. Mais do que contar a história da guerrilheira, ela fez do filme uma busca pessoal com a intenção de desmistificar o suposto suicídio de Iara e, ainda, de esclarecer sua relação com Carlos Lamarca, um dos líderes da luta armada contra a ditadura. De família judia do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, Iara começou sua militância quando entrou na faculdade, em 1964, onde cursou psicologia. Foi na USP da rua Maria Antônia, cenário de efervescência cultural e política da época, que a paulistana deu os primeiros passos como guerrilheira.

Dirigido por Flávio Frederico, o longa resgata documentos, fotos e investiga os últimos dias de Iara atarvés de visitas ao apartamento onde morreu. Por fim, o filme mostra a exumação do corpo da guerrilheira – só possível em 2003 –, a fim de descartar o suicídio e provar seu assassinato. Entre entrevistas e revelações, o amor de Iara e Lamarca grita. Trechos do diário do ex-capitão, publicado após seu assassinato, permeiam o longa. “Penso adoidadamente em ti – é impressionante – nunca pensei amar tanto”, escreveu Lamarca. 

Vai lá: Em busca de Iara estreia dia 27 de março nos cinemas
 

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