Éramos seis mulheres, um homem e uma conta de restaurante. Caro. Caríssimo. Cálculos para lá, caras feias para cá, o episódio só não foi mais desagradável porque depois de um copo de vinho não sei fazer conta (antes também não). Abstraio-me e espero o veredicto. Estavam todos ali exercendo o que mais se faz nos restaurantes de Nova York: to fight over the check. Brigar pela conta. Este é um assunto delicadíssimo numa cidade onde se come mais fora do que em casa. Quem paga? O que se paga?
Obviamente seria mais fácil dividir a dolorosa pelo número de pessoas à mesa. Mas quem comeu uma salada e bebeu uma diet coke não deve, em hipótese alguma, pagar o mesmo de quem devorou um filet mignon e entornou uma garrafa de vinho. O curioso é que, nem sempre, os carnívoros ou os apreciadores daquele da safra francesa de 1863 pensam assim. Se é que pensam. Nestes casos, se você se intimidar, o azar é seu.
Explico: nessa cidade, você janta a toda hora com gente que nunca viu antes (e depois disso nunca mais vai querer ver). Então a saída é se impor e anunciar, gentilmente, que você vai pagar o que consumiu. A atitude pode até soar como falta de elegância, mas isso jamais será mais deselegante do que um desconhecido lhe fazer pagar três vezes mais do que a sua refeição fome zero. O assunto já chegou a ser tratado em algum episódio do Friends. Lá sempre tinha alguém ganhando mais que o outro e, na hora de pagar a conta, isso... contava. Sorte minha que, neste jantar, o único cavalheiro da mesa, um amigo de que vive em Washington DC, pagou minha conta. Como disse Maureen Dowd, colunista do New York Times, "um homem pagar a conta de uma mulher é algo tão óbvio que esse assunto nem deveria mais ser debatido". Por isso, não vou debater. Apenas dizer que adorei.