Já parou para dar uma olhada na moda dos países vizinhos?
Já parou para dar uma olhada na moda dos países vizinhos? Com menos recursos que a velha Europa, eles têm sido muito mais inspiradores
Durante a São Paulo Fashion Week (SPFW) os fashionistas tupiniquins que moram em terra estrangeira sempre bombardeiam o MSN com opiniões sobre os desfiles: os bons, os ruins, os hors-concours... Em meio a um bate-papo on-line com uma amiga, ela disse: “Minha professora da Saint Martins [universidade inglesa] diz que está valendo mais assistir à semana de moda de Buenos Aires do que a de São Paulo”. Como assim? Estive na Buenos Aires Fashion Week há quatro anos e minha impressão foi a de que tudo aquilo era quase um circo.
Na época, trabalhava para o site da Fashion Week e, pra mim, o evento era algo muito profissional. Quase conseguia me ver em uma semana de moda europeia. Chegando à capital portenha, me assustei. A Buenos Aires Fashion Week (BAF) era uma mistura de feira de moda com performances na passarela.
Lugar comum
Na entrada, as roupas dos “diseñadores” ficavam expostas de forma aberta, estande ao lado de estande. Alguns desfiles demoravam muito mais que o convencional, com coreografias exageradamente pensadas. As modelos não tinham um padrão e qualquer um poderia assistir, desde que pagasse 20 pesos. E mais, eu sentava sempre na primeira fila. Achava que tinha algo de errado naquilo tudo. Depois descobri que errada, na verdade, estava eu.
Algumas temporadas depois, e atingida pela tal observação da professora inglesa, resolvi repensar aquela experiência que tive. Recordei-me das semanas de moda do André Hidalgo (idealizador da Casa dos Criadores) ainda nos anos 90, de desfiles memoráveis do Ronaldo Fraga e do Jum Nakao e do quanto esses desfiles me tocavam.
Percebi então que o excesso de profissionalismo talvez esteja nos fazendo cair numa armadilha fashion. Não há mais lugar para o riso, o estranhamento, a inovação nas passarelas da Bienal. O nível europeu de profissionalismo da SPFW não nos permite mais permitir. Nem os espectadores aceitam inovações. Vide o desfile da Cavalera às margens do rio Tietê: público escasso.
Diversidade de modelos? Popularização do público? Inovação nas narrativas? Em Buenos Aires tudo isso pode. Deu saudades da BAF...
Sites para ficar de olho na moda latina:
www.onthecornerstreetstyle.blogspot.com
www.bastreetstyle.blogspot.com
www.eseme.cl
www.modastgo.blogspot.com
www.revistalafuga.com
www.revistasede.com
www.pasarelapuntadeleste.com/index.php