Cantora fala sobre o primeiro livro de poesias eróticas e mostra, com exclusividade, uma faixa inédita com diversos artistas recitando seus poemas
A cantora paulistana Iara Rennó lançou neste ano seu primeiro livro de poemas eróticos, língua brasa carne flor. Ela conta que escreve poesias desde criança, quando, na escola, fez o primeiro livro de poeminhas. A escrita seguiu rumos diferentes com a música, com composições próprias e em parceria com outros artistas, mas nunca foi deixada de lado.
"Não foi premeditado, escrevi durante um ano direto. Quando eu estava no segundo poema, em março de 2013, me realizei e vi que ali estava nascendo um livro", diz. A literatura erótica não fazia parte do repertório de Iara, que preferiu ler as referências depois de por no mundo seus próprios escritos. "Não queria me influenciar."
Suas poesias têm a ver com vivências, mas também abrem espaço para sentimentos mais viscerais, que ela acredita ter o poder de "mexer com as entranhas". Por ser mulher e escrever sobre sexo, Iara considera seu ato político, embora não tenha sido sua intenção. "Na minha produção, a parte política é inata, é da natureza do que eu produzo", conta.
"Muitas vezes me sinto fragilizada simplesmente por ser mulher"
Para a cantora, ainda é comum que olhem feio para mulheres que exploram o erótico. A exemplo disso, citou a capa do novo disco da amiga Karina Buhr, Selvática, censurado diversas vezes nas redes sociais por ter seios à mostra. "O momento conservador e retrógrado que estamos vivendo fica visível principalmente na internet. Tenho consciência de que essa questão do gênero existe e muitas vezes me sinto fragilizada simplesmente por ser mulher", diz.
Não era sua intenção que os versos virassem músicas, mas foi o que aconteceu naturalmente. É possível que novos singles sejam lançados em breve, a partir das poesias. "Eu queria deixar as coisas separadas, mas acabei musicando três poemas sem querer querendo [risos]. O livro está aberto para isso", entrega.
No lançamento que aconteceu em São Paulo, Iara fez uma performance visual ao som de uma faixa exclusiva que teve a participação de diversos artistas recitando seus poemas, como Arnaldo Antunes, Tulipa Ruiz, Léo Cavalcanti e Gustavo Galo. Ouça abaixo.