Tpm

por Letícia González
Tpm #132

Dora Vergueiro e Gustavo Marcolini expõem o ponto de vista feminino e masculino da DR

Eles se conheceram há 21 anos, namoraram por quatro, brigaram, tiveram recaídas e reataram. Dora Vergueiro, 36 anos, e Gustavo Marcolini, 42, são pais de Catarina, 10, e Maria, 2 – ele também é pai de Kayan, 21. Aqui, expõem o ponto de vista feminino e masculino da discussão de relação


Brava como toda mulher bonita

Por Gustavo Marcolini, cinegrafista

Como pode alguém achar que discutir a relação não pode ser construtivo para o casamento? Confie em mim, é tudo! Quando começa a sessão você já sabe o que vai enfrentar. Ela. A paixão da sua vida, loira de olhos verdes como o mar, só que em fúria, contra você. Daí você pensa: calma, ela vai se acalmar e eu vou sair dessa sem briga. E o tempo vai passando... O assunto é discutido de três a seis vezes como num frenesi aquático, e pronto.

Chega finalmente a hora em que você explode e perde a razão. Daí ela gosta. Os motivos são tolos (uma lista de supermercado), mas são todos. Por outro lado, uma vez, num Carnaval na Ilha do Mel (PR), choveu a semana toda. E não teve nenhuma briga. Acho que com a chuva ela se acalma, como uma gata. Com vinho, música e novela também. É quando eu aproveito pra pedir desculpas de alguma coisa errada que rolou.

Levar a Catarina ao Baixo Gávea, checar a previsão de ondas no Taiti ou abrir a porta com uma força que possa acordar a Maria. Tudo é motivo para comprar uma briga. E ela é boa nisso. Treinou boxe no ringue do Cantagalo! Eu já peço desculpas antes mesmo de ela falar. Aprendi a detectar uma situação tensa pelo jeito de ela andar.

Mas tudo aquilo que estava fazendo mal vai embora na briga que tem início lá na DR. Já reparou que mulher bonita quase sempre é brava? A minha é o dobro. “Gêmeos com ascendente em Gêmeos”, ela se orgulha. Aliás, o meu maior orgulho não é a falta de brigas, e sim as milhares de reconciliações. Uma mais apaixonada que a outra. É isso o que sou até hoje, um cara apaixonado pela briguenta mais linda do mundo. Te amo. 

Do jeito que ele é

Por Dora Vergueiro, 36 anos, cantora

A paixão vai atropelando tudo! Os defeitos, as horas, o passado, o futuro... E, como se não houvesse amanhã, a gente assina papéis, coloca filhos no mundo, muda de cidade, compra, vende, atravessa o mar, move as montanhas, ajuda a criar o filho dos outros, acampa na Ilha Grande, viaja de ônibus pra Bahia... Tudo nosso! Lindo!

Vocês devem estar esperando que as próximas linhas descrevam que o tempo acaba com a poesia, mas não! Sou uma romântica incorrigível, e gosto também do que vem depois, com a intimidade: um dia maré-
cheia, outro maré seca, um mês apaixonada, outro bodeada... Sou daquelas que agem antes de pensar, no impulso! Às vezes, brigo por coisas pequenas. E, como toda mulher, gosto de falar. As respostas são pérolas que viram piadas na mesas do bar: “Fica quietinha pra eu gostar de você, amor”. Ou então: “Quer conversar? Vai na Hebe”. Ou seja, quem compra briga sou eu, quem foge de DR é ele!

Brigo fácil, mas canso da briga fácil também. E tem brigas que, hoje, tenho vergonha de ter. Tipo aquela por causa da toalha molhada em cima da cama ou a da roupa de borracha cheia de areia no chão. Muitas vezes, peço desculpas pra encerrar o assunto. E, sim, sexo é a melhor forma de fazer as pazes para os homens. Pra mim, abraçar um buquê de flores bem lindo é um dos caminhos.

Meu marido é desprendido: para ele, se tiver onda, comida e uma mulher da casa coçando as costas dele, tá bom demais! Até a menorzinha de 2 anos entra no revezamento! Só não se meta com as viagens de surf dele. Nem com a cerveja no bar com os amigos. E olha que o malandro é cara de pau, viu? Quando cisma de chegar tarde, a bateria do celular sempre descarrega... Mulher não pode fazer igual de jeito nenhum. No dia seguinte a gente vira enfermeira, leva comida na bandeja...

Toda vez que eu tenho uma filha, o cara toma um porre pra comemorar e me deixa no hospital com o neném (depois de filmar o parto, claro)! Minha avó, sempre que me ligava, perguntava: “E o marujo?”. Eu dizia: “Sei lá, vó. Estava em Bali, agora está no barco, nem sei mais”. Ela respondia: “Fica com ele, minha filha, que ele é o único que te atura!”. Mas quer saber? Ele fala que sou a mulher mais linda do mundo todos os dias, me dá tudo o que ele tem no bolso e deixa sempre o camarão do sushi pra mim. Amo do jeitinho que ele é.

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