Lula, Bush, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, Hugo Chávez. Todo mundo aqui para a 61º Assembléia Geral das Nações Unidas. E sinal de trabalho. A aventura começa na hora de renovar a credencial de mídia que dá acesso a ONU. Depois das burocracias aplicáveis, fui buscar o crachá um dia antes. Quadras e mais quadras que circundam a ONU já estavam fechadas para tráfego, centenas de policiais e cães em cada esquina. A caminhada foi a ginástica do dia.
Na porta, manifestações contra a escravidão em Burundi e, ao lado, protestos de algum país asiático (as faixas eram na língua local). Até na tenda da mídia montada do lado de fora da ONU passamos por detectores de metais. E dá-lhe tirar colar do pescoço e iPod do ouvido. "Que música tem aí?", perguntou o guarda. "Ih, Caetano, do Brasil, Noa, de Israel, Jean-Jacques Goldman, da França, Richard Bona, da República dos Camarões", respondi. "Nada do meu país... Kosovo?", perguntou. "Hummm, não". Na hora de tirar foto pro crachá uma japonesa diz: "Ah, você é do Brasil. Já estive lá." "Onde?", perguntei, esperando nada além de São Paulo. "Itacaré", falou ela com cara de quem se apaixonou por algum capoeirista. "Muito bom!!!!", disse ela em português. É isso aí, meu rei.
A sede da ONU é o lugar mais burocrático do mundo. Mas tem seu charme. O maior deles é ouvir idiomas sei lá donde e ver africanos de batas coloridíssimas. Mas dia de abertura de assembléia geral é dia especial. Só nesta terça-feira vimos de perto Bill Clinton, Jacques Chirac, Kofi Anan, George Bush (também conhecido como "Diabo") e... Lula. Bem, o objetivo inicial seria cobrir o discurso do presidente brasileiro na assembléia geral, sua participação num ótimo projeto sobre medicamentos para Aids, malária e tuberculose, e o prêmio que ele recebeu de uma organização judaica à noite. Mas tudo o que todos os editores da mídia brasileira queriam era um depoimento do homem sobre o novo escândalo político; por sinal, o escândalo du jour, porque na semana que vem certamente terá outro. Que paciência deve ter o povo de Brasília...
Depois de muitos apelos ao André Singer, assessor de imprensa do presidente, nós, repórteres brasileiros, conseguimos com que ele parasse o Lula por dois minutos para falar conosco. Nos esmagamos em volta dele, em um dos corredores. Fiquei tão perto do homem que consegui tirar a foto aí de cima, com o André ao fundo. Do que o presidente estava rindo, ainda não sei. Ele respondeu beeeeeem por alto a apenas uma pergunta, quando de repente um guarda da ONU nos empurra gritando "too close, too close!!". Ou seja, estávamos muito perto do presidente. Perto mesmo. Pena que não era o Clinton (também conhecido como Deus), que havia passado por lá dois minutos antes, depois de arrasar ao falar da campanha de medicamentos. O guarda tirou o Lula dali na hora. Nem mesmo os assessores dele entenderam tamanha agressividade.
No mais, corre-se de um lado para o outro naquela imensidão. Numa dessas, topei um repórter espanhol da CNN que conheci cobrindo o Katrina em Nova Orleans - ele estava frustadíssimo porque um ministro da Espanha estava numa sala dando entrevista e uma mulher na porta barrava a passagem (cena típica na ONU, todo mundo é barrado em todos os lugares). Também ouvem-se comentários de colegas dizendo "adoro cobrir a ONU. Tem mulheres lindas de TODOS os países" (obs.: o mesmo vale para a ala masculina).
E vale também momentos hilários como estar no meio da assembléia geral, trabalhando, quando chega um torpedo no celular dizendo: "Sorria, você está de laranja e sendo fotografada". Vinha de um fotógrafo de alguma cabine reservada a fotógrafos e cinegrafistas dentro da assembléia. Bem, a-d-o-r-e-i saber que entre direcionar as lentes ao "Diabo" ou a mim, o cara me escolheu. Ganhou um sorriso e uma língua de fora.
Na porta, manifestações contra a escravidão em Burundi e, ao lado, protestos de algum país asiático (as faixas eram na língua local). Até na tenda da mídia montada do lado de fora da ONU passamos por detectores de metais. E dá-lhe tirar colar do pescoço e iPod do ouvido. "Que música tem aí?", perguntou o guarda. "Ih, Caetano, do Brasil, Noa, de Israel, Jean-Jacques Goldman, da França, Richard Bona, da República dos Camarões", respondi. "Nada do meu país... Kosovo?", perguntou. "Hummm, não". Na hora de tirar foto pro crachá uma japonesa diz: "Ah, você é do Brasil. Já estive lá." "Onde?", perguntei, esperando nada além de São Paulo. "Itacaré", falou ela com cara de quem se apaixonou por algum capoeirista. "Muito bom!!!!", disse ela em português. É isso aí, meu rei.
A sede da ONU é o lugar mais burocrático do mundo. Mas tem seu charme. O maior deles é ouvir idiomas sei lá donde e ver africanos de batas coloridíssimas. Mas dia de abertura de assembléia geral é dia especial. Só nesta terça-feira vimos de perto Bill Clinton, Jacques Chirac, Kofi Anan, George Bush (também conhecido como "Diabo") e... Lula. Bem, o objetivo inicial seria cobrir o discurso do presidente brasileiro na assembléia geral, sua participação num ótimo projeto sobre medicamentos para Aids, malária e tuberculose, e o prêmio que ele recebeu de uma organização judaica à noite. Mas tudo o que todos os editores da mídia brasileira queriam era um depoimento do homem sobre o novo escândalo político; por sinal, o escândalo du jour, porque na semana que vem certamente terá outro. Que paciência deve ter o povo de Brasília...
Depois de muitos apelos ao André Singer, assessor de imprensa do presidente, nós, repórteres brasileiros, conseguimos com que ele parasse o Lula por dois minutos para falar conosco. Nos esmagamos em volta dele, em um dos corredores. Fiquei tão perto do homem que consegui tirar a foto aí de cima, com o André ao fundo. Do que o presidente estava rindo, ainda não sei. Ele respondeu beeeeeem por alto a apenas uma pergunta, quando de repente um guarda da ONU nos empurra gritando "too close, too close!!". Ou seja, estávamos muito perto do presidente. Perto mesmo. Pena que não era o Clinton (também conhecido como Deus), que havia passado por lá dois minutos antes, depois de arrasar ao falar da campanha de medicamentos. O guarda tirou o Lula dali na hora. Nem mesmo os assessores dele entenderam tamanha agressividade.
No mais, corre-se de um lado para o outro naquela imensidão. Numa dessas, topei um repórter espanhol da CNN que conheci cobrindo o Katrina em Nova Orleans - ele estava frustadíssimo porque um ministro da Espanha estava numa sala dando entrevista e uma mulher na porta barrava a passagem (cena típica na ONU, todo mundo é barrado em todos os lugares). Também ouvem-se comentários de colegas dizendo "adoro cobrir a ONU. Tem mulheres lindas de TODOS os países" (obs.: o mesmo vale para a ala masculina).
E vale também momentos hilários como estar no meio da assembléia geral, trabalhando, quando chega um torpedo no celular dizendo: "Sorria, você está de laranja e sendo fotografada". Vinha de um fotógrafo de alguma cabine reservada a fotógrafos e cinegrafistas dentro da assembléia. Bem, a-d-o-r-e-i saber que entre direcionar as lentes ao "Diabo" ou a mim, o cara me escolheu. Ganhou um sorriso e uma língua de fora.