Livro mostra cotidiano do casal Gainsbourg/Birkin, captados pelas lentes do irmão da atriz inglesa
Quando Andrew Birkin começou a tirar as fotos acima, em meados dos anos 60, nem imaginava que elas seriam o registro valioso de um dos casais mais famosos de todos os tempos: o feio e boêmio compositor francês Serge Gainsbourg e a jovem e bela atriz e cantora britânica Jane Birkin. “Jane era praticamente desconhecida quando começou a sair com Serge e ele era apenas uma figura cult na França. Foi só com ‘Je t'aime... moi non plus’, de 1969, que eles se tornaram celebridades”, diz Andrew, em referência à canção do casal que escandalizou o mundo com seus gemidos eróticos. Na época, Andrew, irmão de Jane e companhia constante da dupla, vivia em Paris, onde trabalhava como assistente do cineasta Stanley Kubrick. Do País de Gales, onde mora, o roteirista e fotógrafo falou à Tpm sobre seu livro Jane & Serge – A family album (Taschen).
Apesar de terem se separado há 34 anos, a história de amor de Jane e Serge é sempre lembrada como um mito. O que ela tem de tão especial? Jane e Serge eram indivíduos tão fora do comum – e tão opostos na aparência e na personalidade – que formaram uma combinação rara. Elementos de A bela e a fera para alguns ou de “flor inglesa inocente” encontra “malandro russo decadente” para outros. Um casal único, que teve como expressão máxima a canção 'Je t'aime... moi non plus'.
Que memórias você tem dessa época registrada no livro? Eu ainda não tinha filhos e cuidava da Kate [filha mais velha de Jane com o compositor britânico John Barry] como se fosse minha filha. Adorava passar meu tempo com elas. Quando Serge surgiu, as coisas só melhoraram.
Qual foi sua primeira impressão de Serge? Foi amor à primeira vista. O primeiro marido de Jane – John Barry – era um inglês seco e taciturno, um compositor brilhante, mas nada divertido. Já Serge era um judeu russo extrovertido. Na verdade, ele vivia oscilando entre a alegria e a melancolia, esta última resultado de seu passado como judeu em uma França ocupada pelos nazistas. Serge era totalmente imprevisível e essa era a graça de estar com ele.
Como era a filha do casal, Charlotte Gainsbourg? Tive a sorte de ter uma relação maravilhosa com as três filhas de Jane: Kate, que morreu tragicamente no final do ano passado [ela caiu da janela do apartamento onde morava em Paris]; Charlotte, sempre misteriosa e cheia de segredos mesmo quando criança; e Lou, a caçula [da relação com o diretor Jacques Doillon], que tem a idade do meu filho Anno.
Você continua próximo de Jane? Sim, muito. Trocamos e-mails toda semana e nos visitamos sempre que possível.
Vai lá: Jane & Serge – a family album, Andrew Birkin, ed. Taschen, R$ 145