A estreia no cinema, a vida com Cauã, a chegada da primeira filha: ”é um medo gostoso”
Depois de estrear no cinema ao lado de Selton Mello, Grazi Massafera encarna o papel de dona de casa na vida real e prepara o ninho para a chegada da filha, Sofia
Posso roubar o seu pão de queijo?”, diz Grazi, com olhos gulosos, mirando o último de quatro micropães de queijo. Pode, né? Ninguém negaria comida a uma moça com aquele barrigão: “Faço oito meses amanhã. Ela pode nascer no dia do aniversário do Cauã, 20 de maio”. Ela é Sofia. E Grazi, aos 29 anos, está, obviamente, louca, derretida, hipnotizada por ela. “Minha filha é bochechuda. Minha mãe acha que se parece comigo. Mas não dá para dizer. Eu e o Cauã temos cor de pele diferente. Mas traços muito parecidos, o bocão, o nariz...”, comenta, referindo-se à ultrassonografia 3-D que acabara de fazer. Até o sétimo mês, Grazi não sentiu fome demais, não engordou demais, não ficou ansiosa demais... Mas, na reta final, só pensa em comer – e anda vendo partos pela internet. “A fome que não tive nos primeiros meses estou tendo agora. Outro dia meu pai ficou com desejo de comer quentinha, aquelas de alumínio mesmo. Comprou uma. Quando vi, eu já estava lá sentada do lado dele. Estou assim: disputando quentinha.”
Com a casa em reforma, tocada pelo pai, o seu Gilmar, pedreiro por profissão, Grazi marcou o nosso encontro no café de uma floricultura na sua rua, no bairro do Itanhangá, um cantinho aprazível da Barra da Tijuca. Pediu ao garçom: uma omelete de claras, uma porção de torradas e um suco de tangerina. Era uma manhã de sábado, fim de março, com calor de derreter a manteiga. Enquanto devorava cada migalha sobre a mesa, Grazi contava casos, muitos casos. Brilhava. Irradiava. Transbordava. O momento é de happy ending para o conto de fadas que começou naquele Big Brother, em 2005, quando Grazi Massafera, então a moça do interior do Paraná, filha de um pedreiro e de uma costureira, ficou em segundo lugar e saiu da “casa” para uma novela das oito, Páginas da vida. Em fevereiro deste ano, ela estreou no cinema, no filme Billi Pig, do cultuado José Eduardo Belmonte, ao lado de Selton Mello e Milton Gonçalves. Havia encerrado a participação em sua quinta novela, Aquele beijo, de Miguel Falabella. Bateu a marca de 286 capas de revista. E, no mercado publicitário, já há muito tempo conquistou o posto de darling: rosto da L’Oréal Paris e nome de sandália da Azaleia. “Tudo vem acontecendo num momento tão bom, tão certo: ano de estreia de filme, minha filha vindo, ano de maior maturidade para a minha relação com o Cauã... Caramba, vamos fazer cinco anos semana que vem! Meu Deus, como vou comemorar?”, solta um gritinho, no meio da frase.
O filme foi o grande desafio profissional, o trampolim para subir um degrau na carreira, ser reconhecida como atriz, deixar para trás a pecha de cinderela. Em Billi Pig, Grazi encarna Marivalda, uma moça do subúrbio carioca que conversa com um porquinho cor-de-rosa e cujo sonho é ser famosa. “A Marivalda é fantasiosa, sem noção. Aproveitei para brincar com uma fase minha: profissão glamour, cinderela, capas de revista, festas, celebridades... E acontece com muitas meninas. Esse sonho...”, reconhece a semelhança da personagem com a sua própria história. Para fazer bonito ao lado de Selton Mello e Milton Gonçalves, ela deu duro, abocanhou a oportunidade. Passou meses andando com o Billi na bolsa. “No primeiro momento, pensei: ‘Caramba, entrei numa fria’. Era muito outro nível. Resolvi focar em aprender. Desde a primeira novela aprendo assim, observando. Foi maravilhoso ver os meus ídolos criando”, diz, reverente, sobre os companheiros de set, Selton e Milton. “O porquinho ia comigo ao restaurante, no avião, ia para a cama com a gente. Às vezes ficava envergonhada. Mas aí pensava: ‘Momento Marivalda, pá!’. Punha o porquinho na mesa do restaurante e conversava com ele como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.”
Belmonte não se arrependeu da aposta: “Quando a vi pela primeira vez na TV, fiquei muito impressionado com a força da imagem dela. Fui no feeling e acertei sobre ela ser uma pessoa densa, perspicaz, inteligente, que sabe rir de si mesma”. Para o diretor do cult Se nada mais der certo, protagonizado por Cauã Reymond, 31 anos, o pai de Sofia, Grazi é “uma atriz de imenso futuro que já se manifesta no presente”. “Ela foi de uma doação incrível. Por tudo que representa como ídolo e tudo que move de negócios, poderia ser uma pessoa esnobe, defensiva. Pelo contrário. Sabe que tem de trabalhar em equipe”, comenta Belmonte. “Grazi se incorporou, cheia de coragem e alegria.” Milton Gonçalves também aplaude a colega: “Ela chegou humildezinha, dizendo que estava ali para aprender. Quando alguém diz isso é perigoso. É porque já sabe tudo e engole a gente. A Grazi deu show. É uma atriz muito talentosa, muito sensível”.
Com o dever cumprido, a mãe de Sofia virou dona de casa. Em tempo integral. Desde que encerrou a participação na novela e cumpriu as obrigações de lançamento de Billi Pig, não arreda o pé dos afazeres domésticos. “Estou 100% em casa, como nunca tinha acontecido... Tocando obra junto com o meu pai, cuidando do quartinho da Sofia, fazendo aula de culinária, aprendendo o que é bom para mim, para o bebê e para o meu marido. O Cauã está no céu”, diz ela. “Ontem fiz faxina na cozinha. me sentia frustrada quando chamava um amigo para cozinhar e não achava as coisas na minha própria casa. Agora sei tudo.” A grande descoberta de Grazi neste período “do lar” foi a culinária ayurvédica. Se deparou com um novo mundo. E mudou os hábitos alimentares, dela e do Cauã. Adotou os orgânicos. Trocou o açúcar branco pelo açúcar demerara. Passou a cozinhar com ghee, a manteiga clarificada indiana. Introduziu leite de amêndoas no cardápio, considerado um tônico rejuvenescedor. Serve a salada depois do prato principal, para o organismo entender que é hora de parar de comer. Cauã está adorando a sua nova mulher. “Uma das coisas legais da nossa gravidez é que ela se embrenhou nessa história de se cuidar”, diz. “A gravidez proporcionou uma união diferente entre a gente. Não sei dizer direito. Uma coisa mais bacana, formar uma família mesmo. Está tudo muito bonito.”
Ter um filho era uma ideia que perpassava os papos do casal. Mas não era um plano concreto. Aquela coisa, ano que vem a gente pensa. Até que o destino deu um empurrão. Por causa de um tratamento para hipotireoidismo, em que teve que fazer dieta e tomar medicamentos, Grazi parou com a pílula anticoncepcional. “Num vacilozinho, engravidei. No primeiro momento, a notícia me tirou do chão. Fiquei em êxtase por um mês, eu e ele”, conta. Cauã ficou sabendo da notícia no aeroporto, quando embarcava para El Salvador, com o pai, para surfar. “Segundos antes de chamarem o voo, a Grazi me ligou. Engraçado porque saí de casa e ela estava numa TPM daquelas. Sabe quando mulher fecha a cara porque o marido vai viajar?”, lembra. “Quando ela disse que estava grávida, ficamos muito emocionados e começamos a rir. Não era TPM. Eram os hormônios. Não foi um susto. Foi uma surpresa.” Cauã não teve o impulso de correr para casa. Achou bom passar um tempo fora para fazer, digamos, a digestão. “Timing perfeito. Viajei com o meu pai. Foi importante para assimilar, compreender o que ia acontecer. Quando voltei, foi delicioso.”
“Quando a ficha começou a cair, vieram muitas questões. É tanta coisa que vem na cabeça que você vai entrando numas noias: como vou educar? Vou dar conta? Vou ser boa mãe? Que mundo é este EM que vou colocar uma criança? Um dia parei em frente ao espelho e falei: ‘Grazi, chega. É uma criança, é alegria, é amor
Como nem tudo é conto de fadas, nem na vida de Grazi Massafera, ela diz que, passado o êxtase inicial, viveu os seus momentos de paranoia, de piração, de ansiedade. “Quando a ficha começou a cair, vieram muitas questões. É tanta coisa que vem na cabeça que você vai entrando numas noias: como vou educar? Vou dar conta? Vou ser boa mãe? Que mundo é este EM que vou colocar uma criança? Um dia parei em frente ao espelho e falei: ‘Grazi, chega. É uma criança, é alegria, é amor’. A partir daí, comecei a me controlar.” E começou a se cuidar. Até o quarto mês, teve medo e não praticou nenhum esporte. Decidiu relaxar, entender o que estava se passando com o seu corpo. No quinto mês, introduziu caminhada e um pouco de musculação. E, no sexto, abraçou o pilates, para conquistar alongamento e facilitar o parto. Semanalmente faz também drenagem linfática.
A grande amiga – e preparadora de elenco da Globo – Andrea Cavalcanti atesta: nunca viu mulher com tamanha vocação para ser mãe. “A Grazi está um poço de felicidade. A sensação que tenho é a de que ela nasceu mãe. Nunca vi nada igual. O olhar dela mudou. O tempo dela mudou. Está serena, tranquila. Normalmente a mulher fica ansiosa. Ela não deixa a ansiedade tomar conta”, diz Andrea. “O filme fechou com chave de ouro a coisa do trabalho. Foi uma coroação do talento. Isso a tranquilizou. Agora ela só faz esperar a Sofia.” O irmão e melhor amigo, Sandro Massafera, também nunca viu a irmã tão plena, tão em paz: “Somos muito próximos, muito amigos, nos momentos bons e nos ruins. A Grazi está tão feliz da vida que fico feliz com ela. Para mim é mais uma filha que está vindo. Já tenho dois filhos. A Sofia será a caçula”.
Nada parece tirar essa paz, essa tranquilidade, essa serenidade da Grazi. A nova novela das nove, Avenida Brasil, protagonizada por Cauã, estrearia na segunda-feira seguinte ao nosso encontro. Ele passou por momentos de aflição, pois a filha vai nascer no olho do furacão. Para ela estava tudo muito bem, obrigada. Para Cauã, fazer um protagonista agora gera um drama: “Coloquei na minha cabeça que, já que tudo embolou, tenho que me esforçar ao máximo para proporcionar tranquilidade à Grazi. Uma das coisas que estou fazendo é não levar o personagem para casa”, comenta. “A Sofia nasce em começo de novela. O João Emanuel não é um autor que segura a mão. Todo dia tem coisa rolando.”
Protegida no planeta maternidade, Grazi é que proporciona tranquilidade ao marido. “Eu disse pro Cauã: ‘Amor, não tem frustração. Todo mundo trabalha. Tem pai que nem vê a filha. Você vai chegar em casa e vai ser o melhor momento do seu dia. Vai dar banho, colocá-la para dormir... Não existe ideal, relaxa’.” Cauã se conformou, focando no futuro: “Primeiros meses é peito, né? Resolvi que não vou trabalhar quando acabar a novela. Sofia vai estar com 6 meses. Aí só volto a falar de projetos em 2013. Quero ficar um tempo junto”.
Grazi também tem proposta de trabalho no ar. “Um autor com quem sempre sonhei trabalhar me convidou. Sofia vai estar com 3 meses quando a novela estrear”, conta ela. “Essa é a minha questão agora. Três meses é muito cedo, tanto para mim quanto para o meu bebê. Vai depender dela. Pode ser que eu faça, pode ser que não.” Pelo jeito, a resposta será não. A Grazi que devorou o meu pão de queijo e falou da filha que nem nasceu ainda por quase duas horas não deve largar o osso, mesmo tendo a mãe para cuidar de Sofia. Dona Cleuza já está arrumando as malas: “Vou para o Rio umas semanas antes do parto e fico um tempo. Nem é pela Grazi. Ela é tranquila demais. Eu é que não tenho sossego”.
Tranquila e perdidamente apaixonada. “Quando ela mexe, caramba, não existe nada no mundo melhor”, derrete-se Grazi, engolindo o último gole de suco. “Ontem passei a tarde vendo partos. Tem umas mulheres que não sofrem. Entram numa onda, num barato. Estou me preparando para o parto mais natural possível. Confesso que comecei a ficar com um pouquinho de medo. Mas é um medo tão gostoso. Medo misturado com ansiedade, misturado com amor. Ah, não tenho mais palavras.”
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