Modelo e atriz, fundadora da Força do Bem e Doe Seu Lixo

A atriz Isabel Fillardis é um exemplo de que não é preciso passar por uma experiência grandiosa ou traumática para despertar. No caso dela, tudo começou em 2002, pela leitura de uma reportagem sobre a crise ambiental que o mundo enfrenta. Sensibilizada, ela e o marido decidiram agir. Foi assim que nasceu a Doe Seu Lixo, organização sediada no Rio de Janeiro que hoje é referência na reciclagem de resíduos e na melhoria das condições de vida de catadores. Em 2003, ela já sabia que era possível transformar a realidade à sua volta quando seu filho, Jamal Anuar, nasceu com a síndrome de West, uma doença rara que afeta o desenvolvimento psicomotor da criança e exige cuidados intensivos e caros. A luta para tratar Jamal e a vontade de ajudar outras mães com filhos especiais, particularmente as que têm pouca condição para cuidar das crianças, estimulou Isabel a criar sua segunda ONG: "A Força do Bem". A entidade desenvolveu o primeiro banco de dados brasileiro de pessoas com deficiência, que conta com mais de um milhão de cadastros. A ideia é buscar apoio para realizar o atendimento dos cadastrados.

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Leia a conversa que a atriz Isabel Fillardis teve com o Trip Transformadores. 

A atriz Isabel Fillardis, uma das homenageadas no Trip Transformadores deste ano, é um exemplo de que não é preciso passar por uma experiência grandiosa ou traumática para despertar para uma transformação. No caso dela, tudo começou em 2002, pela leitura de uma reportagem sobre a crise ambiental que o mundo enfrenta. Sensibilizada, ela e o marido decidiram agir. “Pesquisando, logo vimos o potencial que o lixo reciclável tem: foi a partir dai que concebemos o objetivo da ONG que é a geração de emprego e renda através de coleta seletiva”, ela diz.

“Fomos batendo de porta em porta nas empresas falando: 'Doe o seu lixo para mim, que eu transformo a vida de pessoas e você participa de um projeto socioambiental'”. Foi assim que nasceu a Doe Seu Lixo, organização sediada no Rio de Janeiro que hoje é referência na reciclagem de resíduos e na melhoria das condições de vida de catadores. “O que os catadores entendiam, naquela época, é que tinham um trabalhozinho ali que era de catar lixo, e que estavam à margem da sociedade ainda. Eles tinham que entender a eficiência e a grandiosidade do trabalho que estavam fazendo”, explica.

Em 2003, ela já sabia que era possível transformar a realidade à sua volta quando seu filho, Jamal Anuar, nasceu com a síndrome de West, uma doença rara que afeta o desenvolvimento psicomotor da criança e exige cuidados intensivos e caros. A luta para tratar Jamal e a vontade de ajudar outras mães com filhos especiais, particularmente as que têm pouca condição para cuidar das crianças, estimulou Isabel a criar sua segunda ONG: A Força do Bem.

A entidade desenvolveu o primeiro banco de dados brasileiro de pessoas com deficiência. O mapeamento classifica os casos por tipo de deficiência, gênero, faixa etária e região, identificando ainda o tratamento recebido, se houver, visando auxiliar as pessoas que não estejam sendo assistidas. E já conta com mais de um milhão de cadastros.

“Sabe a pergunta que todo pai e toda mãe, e qualquer pessoa que tenha alguém na família com deficiência, e vai ficar dependente para o resto da vida, faz? 'Quem vai cuidar dele?'. Essa é a pergunta que nos cala.”

Da onde vem essa preocupação com o meio ambiente e com o bem estar das pessoas ao redor? 

Eu acredito que isso venha de criação mesmo. Minha mãe sempre acostumou a gente a doar roupas, sapatos e brinquedos que não íamos mais usar para as pessoas que precisam. É um costume nosso. E na medida em que fui crescendo e amadurecendo, e depois trabalhando na televisão, eu vi que podia fazer mais, e utilizar isso para o bem. Na verdade, trabalho com duas organizações com objetivos diferentes, criadas em momentos diferentes, motivadas por emoções diferentes. Na Força do Bem acredito que o que tenha me despertado foram questões particulares. Mas no caso da Doe Seu Lixo, em que a gente trabalha com reciclagem mudando não só o lixo mas também a vida das pessoas, foi mais uma questão de crença, de fé. São trabalhos aos quais me entrego de corpo e alma.

Como surgiu a ideia de criar a Doe Seu Lixo?
Foi durante um voo para o Espirito Santo. Eu li uma reportagem sobre uma instituição americana que estava fazendo pesquisas na Amazônia, e me assustou bastante, porque esses caras são espertos, não dão ponto sem nó. Eu me preocupei porque eles falavam sobre a riqueza da água do Rio Amazonas, algo assim. E virando a página tinha uma outra matéria que apresentava umas estatísticas sobre o aquecimento global e dizia que em pouco tempo teríamos sérios problemas com a falta de água e aquele me impressionou mais ainda. Então, achei que poderia fazer alguma coisa. Mas o ''x'' da questão foi um cara ter me abordado depois do voo me convidando para participar de uma reunião numa empresa sobre sustentabilidade, sendo que essa empresa era a Petrobrás. Ele veio no mesmo voo que eu, mas não tinha ouvido a conversa que eu tinha tido com a minha mãe sobre esse assunto. Para mim, que sou espírita e não acredito em coincidências, foi como um sinal. Um sinal de que eu realmente ia fazer alguma coisa, mas não sabia o quê. Só que depois as coisas foram acontecendo. Logo vi uma reportagem na TV de uma senhora que vivia de recolher lixo na rua, e pensei “mas lixo dá dinheiro?”. Falei com o meu marido e fomos pensando em como fazer um trabalho social, para também tirar pessoas da rua, sem ter que depender de empresas. Pesquisando, logo vimos o potencial que o lixo reciclável tem: ele pode gerar renda, pode gerar emprego, e foi a partir dai que concebemos o objetivo da ONG, que agora é Instituto, que é a geração de emprego e renda através de coleta seletiva.

 

''A transformação começa em cada um. Uma atitude sua, no seu planejamento diário, vai interferir na vida de outra pessoa, direta ou indiretamente"

 

Meu marido foi secretário de Turismo do Rio e sabia que um dos principais problemas para o turismo na cidade era o olhar do europeu, do americano, para essa questão negativa. Ele tinha uma empresa no centro da cidade e tinha muito morador de rua envolta. Logo começamos a buscar pessoas na rua mesmo, convocando “vamos lá, vamos trabalhar e sair dessa vida” e a coisa foi tomando corpo por si só. Tínhamos um trabalho na baixada fluminense, começamos fazendo coleta com recursos próprios, daí por questões políticas tivemos que sair de lá e reformular nosso trabalho. Meu marido disse: “A gente precisa modificar, e ir para dentro das empresas, chamar o mercado privado para participar, porque sozinhos não vamos conseguir fazer isso”. E é claro que o pensamento dele já estava lá na frente. Conforme ele foi me explicando eu pensava “caraca, mas tu acha que esse negócio vai dar certo?” [risos]. E ele respondeu: “Agora que você plantou a semente a gente vai até o fim”. E fomos batendo de porta em porta nas empresas falando: “Doe o seu lixo para mim, que eu transformo a vida de pessoas e você participa de um projeto socioambiental”.

E como as empresas respondiam?
As pessoas achavam que isso era maluquice da nossa cabeça. Primeiro, porque a gente falava para a empresa que ela não ia colocar dinheiro nenhum, que através do lixo que ela estava produzindo a gente conseguiria ter a renda suficiente para transformar a vida de quatro ou cinco pessoas. Mas era aquele lixo, mais a renda, que mudaria a vida de tantas pessoas dentro daquele universo pequeno. E assim a gente foi de empresa em empresa, até o divisor de águas que foi quando eu fui convocada para ser conselheira do Instituto Coca-Cola Brasil.“O que eu vou fazer lá?”, falei para o meu marido. “Os caras nos descobriram, vamos ver o que eles querem”, ele respondeu. Dai eles passaram uns dias com a gente, vendo o que tínhamos feito e o que estávamos fazendo, e pediram para que nós mudássemos o trabalho deles, desenvolvendo um trabalho específico. Eles já tinham um trabalho, mas queriam melhorá-lo e ampliá-lo. E foi um grande desafio porque era para o Brasil inteiro, mas fizemos. Durante um ano capacitamos cerca de 100 cooperativas.

Foi cansativo, desafiador, mas foi o nosso grande “pulo do gato” para que pudéssemos chegar aonde realmente queríamos que era o Brasil. A gente pensava “pequenininho” mas já tinha uma visão ampliada de tudo isso. Então, ver hoje o instituto [Doe Seu Lixo] do jeito que está, como a gente quer ele fique, é algo muito compensador. Se você me perguntar o número de vidas que conseguimos transformar, e as que transformamos diariamente, eu não sei te dizer [risos].

Você falou sobre como foi o contato com as empresas. E como se deu o contato com esses catadores rua, pessoas que já trabalhavam com o lixo? 
Quando a gente foi para o Instituto Coca-Cola Brasil, eles já trabalhavam com determinadas cooperativas, e queriam melhorar a performance delas. Porque era tudo dado, doado, e o instituto queria modificar a cabeça dessas pessoas, fazer elas entenderem que eram as gestoras do seu próprio negócio. E que a empresa, ou quem quer que seja, que entrasse para ajudar, era apenas um suporte. Então mudar a mentalidade deles foi e é até hoje o ''x'' da questão: fazer eles se sentirem donos do próprio negócio, se sentirem parte de alguma coisa. O que eles entendiam, naquela época pelo menos, é que tinham um trabalhozinho ali que era de catar lixo, e que estavam à margem da sociedade ainda. Eles tinham que entender a eficiência e a grandiosidade do trabalho que estavam fazendo. E quando entramos para fazer a capacitação nós mostramo esse universo a eles.  Muitas pessoas pensam “Ah, por que eu tenho que fazer coleta seletiva?”. Então, a gente mostra os resultados para elas, falamos sobre o tanto de água que economizam, o CO2 que neutralizam, e uma série de outro benefícios que aparentemente não estão a olho nu.

É necessário mostrar essa contrapartida não só para os catadores, mas para a sociedade também, que não tem a real noção desses dados. De tudo que o mundo fala hoje de sustentabilidade, de economia verde, a gente já tinha pensado uns 5, 6 anos atrás. A gente já preparou a ONG para o que está acontecendo agora. Hoje a gente ainda tem uma luta muito grande na inclusão, de fato, do catador na sociedade. O catador tem que mudar de nome: tem que ser agente ambiental.  A gente quer que a sociedade mude sua visão em relação a essas pessoas. Eles [catadores] já fazem esse trabalho há muito tempo. As pessoas não os respeitavam por causa de ignorância, por não entender a importância do trabalho que fazem, ainda que estejam na rua separando lixo dentro de uma caçamba. Hoje estão começando a ter noção porque é falado na televisão diariamente: “Tem que reduzir o lixo, tem que mudar o pensamento”. Se não mudarmos nosso comportamento, realmente, vamos ser engolidos pela natureza, porque ela já não aguenta mais tanta violência. Não tem outro caminho. 

Qual é o atual impacto da ONG e aonde vocês ainda querem chegar?
A gente tá ficando robusto [risos]. Nós participamos da Rio + 20, fizemos a coleta de todos os resíduos sólidos do evento, e isso foi um outro passo muito grande. É muita coisa, muita responsabilidade. E nos deu muita visibilidade. Nós recebemos um visita do diretor do evento, que chegou ao país um tempo antes da Rio + 20 porque nosso trabalho tinha chegado aos ouvidos dele, e foi lá, viu os dados, e conheceu tudo, do começo até os próximos passos que queremos dar, e ele ficou maravilhado e disse: “Tudo o que eu penso de economia verde vocês estão fazendo”. E para nós isso foi revolucionário, como se dissesse “vocês estão no caminho certo”, mais uma vez. 

 

"Se não mudarmos nosso comportamento vamos ser engolidos pela natureza, porque ela já não aguenta mais tanta violência"

 

O que realmente importa para a gente é a transformação, tanto dessas pessoas que trabalham com o lixo quanto da sociedade. É você mudar a cabeça das pessoas, e isso é um trabalho muito difícil, principalmente hoje em dia, em que, infelizmente, as pessoas estão muito individualistas. O problema é que as pessoas querem ter um carro ''bacanão'' querem se sobrepor às outras, e aí quando você vai falar de coleta seletiva e de transformação de pessoas, que é muito profundo, elas não estão querendo muito falar de profundidade, preferem ficar no raso. Só que tem a natureza que está berrando lá fora, e está cobrando isso da gente. Então a gente tem uma briga constante pelo equilíbrio, porque se houver equilíbrio a gente não vai ter problema.

Qual a importância do pesamento micro e do macro?  
Eu diria que é a mesma, porque tudo começa no indivíduo. A transformação começa em cada um. Pensa: uma atitude sua, no seu planejamento diário, vai interferir na vida de uma outra pessoa, direta ou indiretamente. A mesma coisa é você separar o lixo: vai interferir na sua vida diretamente e vai interferir na vida de outras pessoas indiretamente. Então a importância de uma empresa e de um indivíduo é a mesma, porque estamos falando de pessoas. Não tem como separar isso. A partir do momento que eu vou dentro de uma empresa e modifico a cabeça daquele diretor ou daquele presidente, eu consigo atingir a empresa toda. A mesma coisa acontece com uma pessoa que mora sozinha ou com a família. Um indivíduo dentro de uma família modifica a cabeça das outras pessoas, haja vista as crianças. E elas são as nossas meninas dos olhos [risos], porque absorvem mais rápido, entendem mais rápido, e têm o coração aberto para receber o novo. E é o que a gente pede para as pessoas: tenham o coração aberto, sejam crianças quando olharem para essas questões, e se coloquem no lugar do ser que está chegando. É isso que as pessoas não estão fazendo, elas estão pensando só nelas, naquele momento, ali e agora. E isso é um egoísmo tremendo, uma falta de Deus no coração. É pensar que não tem algo que domina isso tudo! Tem um ser, uma atmosfera, uma luz, uma energia que toma conta do mundo. A gente tem que ter essa percepção, esse olhar para a vida. Aí tudo muda.

Você tem o Jamal, que é um filho especial. Como foi o processo de colocá-lo em contato com a sociedade?
Difícil, muito difícil. Apresentar o problema para as pessoas foi a primeira barreira. Todos as mães e pais  que enfrentam isso passam pela dor, pela descrença, por questionamentos a respeito de Deus e por uma série de coisas difíceis. Depois quando coisas se acalmam e você consegue encontrar um caminho para um tratamento, você passa a falar com outras famílias, porque até então não dava tempo, não tinha nem como ficar lamentando, era uma corrida árdua pela vida dele, ele corria risco de vida. E a sociedade não tem uma evolução espiritual, eu diria, para entender que realmente somos diferentes, alguns mais do que os outros. E a gente tem que aprender a conviver com as diferenças. E isso é algo que o ser humano não entendeu, né? Então fica bem complicado. Ir à escola é algo plenamente difícil, por mais que seja um instituição que tenta recebê-lo de braços abertos e visa dar o melhor para ele.

Então com o nascimento do Jamal nasceu, também, A Força do Bem? 
Isso. Quando o Jamal fez 2 anos a gente teve a grata surpresa de saber que o padrão cerebral dele era normal. Hoje ele está com 9 anos, e vem melhorando ao longo do tempo. Ao receber esse presente, eu quis dividir com outras mães essa história, e ouvir as delas. Nós criamos um banco de dados para as pessoas com deficiência que é bem completo, para cada tipo de deficiência, basta se cadastrarem. Esse banco fica à disposição pra quem precisar, e se alguma empresa se interessar, pode nos procurar para a inclusão de pessoas com deficiência no trabalho. Isso vem sendo usado pelo Ministério Público do Trabalho como uma ferramenta de auxílio às empresas através de uma lei de cotas para deficientes.

Antes da Força do Bem essas mães carentes lidavam com o problema
Existem trabalhos específicos, como fazem a AACD, ou o Hospital Sarah Kubitschek, que trabalham com determinadas deficiências. A gente criou uma instituição com um banco de dados pelo qual se pode trocar informações sobre todos os tipos de deficiência, para todas as idades. O que mais acontece hoje são casos de pais que nos procuram porque precisam de um atendimento urgente, precisam de um diagnóstico, cada um como uma necessidade. E a gente vai tentando encaminhar ao atendimento médico essas pessoas que não têm ajuda financeira de ninguém. Fizemos uma parceria com o Hospital Sarah Kubitschek e conseguimos encaminhar algumas crianças para eles. E, também, a gente sempre acha pessoas, atores, que possam ajudar e doar alguma coisa.

Romário, já há algum tempo, e Fernanda Young, mais recentemente, são pessoas que tornaram públicos os casos dos filhos especiais. Vocês acabam servindo como exemplo, né?
Pois é. O caso da Fernanda foi super surpreendente. Foi no programa da Fátima Bernardes que ela revelou que tinha uma menina especial. Ela até disse que tinha se inspirado no que eu estava falando, e na força das minhas palavras, e é uma responsabilidade que a gente acaba tendo que assumir, porque a gente vive essa condição, e lida com o assunto.

O quão transformador é ter um filho especial?
Nossa [pausa]. Transforma a alma. É muito profundo. Se você ama um filho normalmente esse você vai amar triplamente. A preocupação é muito maior. Sabe a pergunta que todo pai e toda mãe, e qualquer pessoa que tenha alguém na família com deficiência, e vai ficar dependente para o resto da vida, faz? “Quem vai cuidar dele?”. Essa é a pergunta que nos cala. A gente luta diariamente para o Jamal ser a pessoa mais independente do mundo, para que ele possa ter discernimento sobre a vida dele. Mas a gente não sabe se isso vai acontecer. A gente tem esperanças, expectativas, a gente torce e cria mecanismos para ele se desenvolver, mas tem muitos pais que não têm o que a gente tem. Por isso, essa pergunta independe de questão social.

Imagino que essa troca de experiências com outras mães faça muito bem a você também.
Ah, faz. Faz porque, embora eu tenha ouvido algumas histórias com um final não muito feliz, já ouvi histórias muito felizes, muito positivas, de meninos e meninas que já chegaram aos seus 20 e poucos anos bem, e isso me inspira muito. E eu acredito que meu filho possa ir por esse caminho. Hoje ele está se desenvolvendo bem, está quase andando sozinho, já consegue segurar um copo, uma colher. São questões de independência que estão caminhando. Para uma criança que não tinha prognóstico nenhum, que não sabíamos o que ia acontecer com ela, acho que a gente está no lucro.

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