Sertanista, um dos maiores especialistas do Brasil em índios isolados
Há quase 40 anos convivendo com índios da Amazônia, demarcando terras de tribos isoladas no meio do mato, dialogando com seringueiros, caboclos ribeirinhos e quem mais aparecer, o sertanista José Carlos Meirelles continua com o mesmo patrimônio de quando por lá chegou: "Duas calças, duas camisas, uma mochila e um par de chinelos", enumera. Com um currículo que inclui flechadas no rosto e pescoço, ele coordenou, ano passado, a expedição que resultou na famosa imagem de índios isolados apontando seus arcos para o helicóptero em que estava, foto estampada na capa dos principais jornais brasileiros. Aos 63 anos, Meirelles há décadas chama a atenção do governo para o que acontece nos confins da Amazônia, onde quase nenhum político jamais pisou. Acostumou-se a alertar para problemas como os ataques de madeireiros, garimpeiros e outros exploradores a índios do Peru, que terminam se refugiando no Brasil. Esse paulista chegou a cursar até o terceiro ano de engenharia, mas quando tomou um tiro por engano de um colega de caçada, então seu hobby, refletiu e deu um cavalo de pau em sua trajetória. Desde 1971 o indigenista trabalha na Funai (Fundação Nacional do Índio). Só na Frente de Proteção Etno-ambiental do rio Envira, está há cerca de 17 anos.