Derrubando paredes, adaptando móveis e inventando objetos, Marco Donini fez de seu apartamento uma morada digna do nome do bairro em que se encontra
Quando o arquiteto Marco Donini procurava um apartamento maior para reformar e se mudar, foi caminhando pelo bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo, que uma placa de vende-se num prédio antigo chamou sua atenção. Na primeira visita, o pé-direito de 3 metros de altura e as janelas grandes o fizeram pedir a planta para a administradora. E ali viu que todas as paredes podiam, e deviam, ir para o chão. A qualidade da construção e a generosa área de 210 metros quadrados deram o empurrãozinho final para a compra. Perto do escritório e da avenida Paulista, a localização ainda o livraria de ser escravo do carro.
A dois passos do paraíso
A reforma não teve grandes gastos. O grosso era a demolição, não muito cara. As paredes entre salas e quartos desapareceram, a cozinha substituiu a área de serviço, um lavabo foi construído, e ficaram os três banheiros. Os armários embutidos foram reaproveitados e os da cozinha tiveram os revestimentos trocados. Alguns móveis vieram na mudança e outros foram montados com restos de obras, como o divã e a mesinha lateral de ferro.
Como Marco não encontrava a coifa certa, à la professor Pardal ele criou um exaustor usando um panelão de cozinha industrial, motor de exaustor de lavabo e grelha de ar-condicionado. Na mesma levada, adaptou luminárias de praças públicas para o interior do apê. O resultado foi um lugar amplo e iluminado que o dono gostaria de utilizar mais. “Viajo todo fim de semana e não o aproveito muito durante o dia, o melhor momento dele.”
Olhando para trás, Marco diz ter tido sorte por não encontrar um apartamento em Pinheiros ou nos Jardins, primeiras opções na época. Hoje, 12 anos depois, o trânsito e a especulação imobiliária tornaram essas regiões inviáveis para ele. Como o nome do bairro já diz, o cantinho do Marco é mesmo um paraíso.
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