Quatro amigas se juntaram em um manifesto pela memória e força das mulheres negras no país: ’’buscamos a conscientização de que o cabelo crespo é lindo’’
O Brasil tem a maior população negra fora da África, mas, mesmo assim, o que predomina é o ideal de beleza europeia. Foi pensando em quebrar esse padrão estético e resgatar as origens que quatro amigas de São Paulo se juntaram e decidiram colocar em prática um projeto para fortalecer a memória e a autoestima de mulheres negras. Como? Resgatando e reconhecendo a beleza afro-brasileira, simbolizada pelo cabelo crespo.
O coletivo Manifesto Crespo foi fundado em 2010. No ano passado, recebeu o Prêmio Lelia Gonzalez, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, pelo projeto Tecendo e trançando arte, que discute as especificidades do cabelo crespo e ensina técnicas de tranças, dreads e amarrações com tecidos.
Entre as criadoras, diferentes idades e profissões: Denna Hill tem 31 anos e é cantora e psicóloga; Nina Vieira tem 25 e é designer e fotógrafa; Lúcia Udemezue, 30, é produtora e socióloga; e Thays Quadros, 29, é produtora. Em comum? Todas são educadoras e negras, com muito orgulho.
"Em nossas atividades fazemos um bate-papo buscando a conscientização de que o cabelo crespo é lindo", conta Thays. Entre as parceiras do coletivo estão trançadeiras, atrizes e artistas plásticas.
Volta às raízes
Outra iniciativa do grupo é a Mostra de Criadoras em Moda, com desfiles influenciados pela cultura africana, e os Crespos Debates, onde as quatro promovem a discussão sobre a representação da mulher negra na mídia. Em breve elas pretendem expandir suas ações para o Nordeste brasileiro, que conta com uma população negra numerosa, e sonham em realizar um intercâmbio com países do continente africano.
Vai lá: manifestocrespo.blogspot.com.br