A gente se acha jovem e ri dos erros de vocês no WhatsApp, mas é inegável: vocês são stalkers de talento
Quando contei para a minha mãe o que era stalker ela soltou: “Nossa, pois eu sou isso, então!”. E eu não estou sozinha. Outro dia, a estudante Julia Cople, 26 anos, confirmou presença em um evento “a favor da democracia”. Isso apareceu no feed de sua mãe. “Ela comentou: ‘Você não vai, não!’ Quase morri de vergonha.” A mãe também entrou numa postagem do irmão de Julia que trazia uma foto de um ciclista sendo agredido por um motorista. O comentário que ela deixou? “E você ainda quer andar de bicicleta correndo esse perigo todo?”
Os dois levam com humor. Mas a repórter do site da Tpm, Camila Eiroa, se cansou dos comentários da mãe. “Quando éramos amigas de Facebook, ela ficava controlando tudo o que eu postava. Na época dos protestos pelo Passe Live em São Paulo eu compartilhava diversos casos de violência policial, não consigo me abster. Todo dia quando chegava em casa ela fazia um comentário diferente: ‘Ai, mas e isso que você postou hoje? Não tem medo? Não dá pra ficar falando mal da polícia por aí'. Outra grande preocupação dela foi o que a minha família ia pensar quando confirmei presença na Marcha da Maconha." Camila desamigou a mãe. “Ela fez um pouco de drama, mas aceitou.”
E o que pensam as mães? “Só dou uma olhada”, garante a jornalista e roteirista Micheline Alves, mãe de Luiza, 20 anos. “A sigo no Instagram e no Facebook. E só reclamo de vez em quando, porque acho que ela coloca umas fotos sensualizando demais. Daí questiono: ‘Mas para que isso?’.” Mesmo assim, a mãe acha que não sabe de tudo. “Ela tem Snapchat e eu não. Devo perder as melhores coisas”, diz rindo.
Prepara, uma hora as mães vão, sim, entrar no Snapchat!
Créditos
Manuela Eichner