Senta que vai ter Janis Joplin

por Letícia González
Tpm #166

Cartas manuscritas e filmagens íntimas constroem documentário sobre a primeira mulher que o rock levou ao estrelato. Come on, come on, come on, come on!

Zooey Deschanel, Renée Zellweger e Amy Adams são algumas das muitas atrizes já cotadas para viver a cantora Janis Joplin (1943-1970) no cinema. O brasileiro Fernando Meirelles também já foi aventado como diretor de um projeto que, há anos, não sai do papel. Enquanto isso, as salas recebem este mês um longa 100% real, feito com filmagens da época, entrevistas com as pessoas próximas e dezenas de cartas que ela escrevia à família, lidas por Chan Marshall, vulgo Cat Power. Janis: Little Blue Girl, da diretora Amy Berg, acerta em cheio ao retratar a complexidade da primeira roqueira de sucesso mundial. É pra quem já cantou “Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?” e pra quem vai começar agora.

LEIA TAMBÉM: Summertime: quando Janis Joplin esteve no Rio de Janeiro

Bem-vindo à vida da rainha do rock

Bullying

Os anos escolares foram cruéis com Janis. Em 1970, no auge da fama, ela volta à cidade natal, Port Arthur, no Texas, para o reencontro da turma de colégio. Com seus óculos redondos e penas rosas na cabeça, ela responde às perguntas dos repórteres e diz, magoada, que ninguém a convidou para o baile de formatura.

Feminismo

“As ativistas se incomodam por não ver mulheres na sua banda”, avisa um repórter. A cantora ri: “Me apresente uma boa baterista e eu a contrato”. E completa: “Sou livre, transo com homens, mulheres, com quem quiser. Por que reclamam? Não é isso que queriam?”.

Amor

Fica fácil reconhecer as ruas do Rio de Janeiro em pleno Carnaval de 1970, em que Janis conhece o americano David George Niehaus. A cantora está corada e apaixonada. Em suas próprias palavras: decidida a largar a heroína, se casar e fazer pão. Quando David decide seguir sua volta ao mundo, ela retorna ao palco e às canções de amor perdido, como “Piece of My Heart” e “Maybe”.

leg: Em 2000, a Trip publicou as fotos até então inéditas da passagem de Janis pelo Rio de Janeiro, no verão de 1970

Fama

Durante o primeiro grande show da Big Brother and the Holding Company, banda de Janis, no Monterey Festival, em 1967, Mamma Cass, a cantora do grupo The Mammas and The Pappas, é flagrada de perto, boquiaberta. A expressão resume o que viria a seguir: os fãs reconhecem somente Janis, as críticas a colocam num pedestal e a banda fica para trás.

Drogas

Nos anos 60, o ideal de abrir os horizontes da mente era acompanhado de grandes doses de heroína, e Janis não fugiu à regra. Começou a usar assim que pôs os pés em San Francisco e usou pela última vez em um quarto de hotel, sozinha, no meio de uma turnê. Foi encontrada morta pela manhã, aos 27 anos e prestes a lançar seu disco de maior sucesso, Pearl. Comentando a morte trágica, John Lennon questiona: “O que há de errado com a sociedade que nos faz querer fugir dela?”.

Vai lá: Janis: Little Girl Blue, nos cinemas a partir de 7 de julho.

Créditos

Imagem principal: Divulgação

fechar