Sucesso no Facebook com suas ilustrações feministas, designer mineira lança livro para falar sobre respeito, dignidade, direitos e amor-próprio
Jessica sempre foi magrinha, e ficava chateada quando ouvia homens dizendo que “mulher tem que ter onde pegar”. Jessica, seu corpo não foi feito para o tato masculino. E mulher não “tem que” nada para agradar ninguém além de si mesma. Frases motivadoras como essa fazem parte do trabalho da designer Carol Rossetti, que em um ano conquistou mais de 275 mil pessoas com suas ilustrações no Facebook.
O projeto da mineira surgiu por acaso. Sensível ao machismo velado que aflige as mulheres diariamente, Carol decidiu fazer ilustrações que pudessem representar as histórias delas e a opressão que vivem. “Eu sentia necessidade de me expressar sobre como o machismo está tão presente mesmo nas pequenas coisas que chegamos a considerá-lo parte da normalidade”, disse à Tpm.
Apesar do grande apoio que recebe por seu trabalho, a ilustradora já enfrentou críticas por abordar alguns temas polêmicos dentro do feminismo, como prostituição e transsexualidade. “Eu acredito que o feminismo deva tratar também de outras lutas. Acho que reivindicar a questão da igualdade focando apenas no gênero é insuficiente. Somos seres múltiplos, e as lutas precisam ser múltiplas também”, ponderou.
A diversidade é marcante no seu trabalho e está presente também no seu novo livro, Mulheres. Além de compilar as ilustrações da designer, a obra inclui textos que refletem sobre corpo, estilo, identidade, relacionamentos e separação, numa linguagem fácil e acolhedora.
Denunciar o machismo e motivar outras mulheres é um dos seus maiores objetivos, mas sua obra dá um passo à frente, propondo o diálogo e a empatia. “Espero que as pessoas se sintam tocadas por outras vivências e inspiradas pela ideia de dialogar, discutir, crescer e conversar sem tentar colonizar o outro”, contou.
Recentemente, Carol também encabeçou um novo projeto: "Cores". Explorando o bom humor e a leveza, a série de ilustrações é protagonizada por crianças perspicazes que questionam tabus e normas da sociedade. "Eles querem ser livres para descobrir suas paixões e brincar com todo o poder da sua imaginação - que é, provavelmente, a força mais poderosa do mundo", disse no Facebook.
Vai lá:
Mulheres, de Carol Rossetti
Editora Sextante