Poemetos que haviam sido perdidos

por Luiz Alberto Mendes em

POEMETOS PERDIDOS

Por que

Naquela época eu já perguntava

Os entardeceres eram melancólicos

O céu se enchia de sangrentos âmbares

Ficava ali a contemplar, perdido

Em tentativas de entender o porquê

Porque não sei de que                             

Talvez porque tudo era triste

A dor parecia uma lágrima interminável.

Não sei por que aquela nostalgia

Aquela dorzinha fininha me fazia bem

Torcia para que as tardes chegassem logo.

                                      ***

 

Paz

 

Não sei se te invejo

Ou te desprezo

Você tem paz

Eu não tenho.

                               ***

 

A  Máquina

 

Invejo a máquina

É completa em si

Começo, meio e fim

Eu vivo a me rasgar

Abrindo-me sem me entender

Negro, obscuro e insaciável

Meu começo se perde em meus fins

E o fim é tudo aquilo

Que esta longe de chegar.

                                ***

 

 

Igualdades

 

Não somos o mesmo

Somos a diferença entre nós e o outro

Exatamente aqueles que vieram

Para se tornarem o que são

Nos definimos por diferenças

Jamais por igualdades

Igualdades nos reduzem ao mesmo

Que não somos.

                                 ***

 

Pelas  Orelhas

 

Às vezes me cato pelas orelhas

E, aos empurrões

Ponho-me nos eixos.

Não é fácil ser eu mesmo

Às vezes prefiro ser

Meu cachorrinho.

                          ***

 

Nascimento

 

O céu de chumbo pesava sobre tudo

E testemunhava, na manhã gelada

A ambulância vermelha e branca

Gritando, gritando:

Saiam da frente, saiam da frente...

Gente em risco de vida!

O hospital abriu mais um leito

E no berçário, novamente

A vida chegou...

                                 ***

 

Pressão

 

Se você tirar o pé

De meu pescoço

Quem sabe

Eu possa respirar.

                                ***

 

México

 

Abram-se as covas

Cavem-se sepulturas

A morte esta chegando

No México

Mais uma guerra foi declarada...

                              ***

Luiz Mendes

02/06/2010.

 

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