Jogando com a fobia
'Please Knock On My Door' é um game que discute depressão e isolamento
Michael Levall é sueco, tem 26 anos e há pouco mais de um ano trabalha na produção de um game para computador. Sozinho, desenvolve a arte, a programação e a jogabilidade do game que batizou de Please Knock On My Door ('Por favor, Bbata na minha porta', em português), uma história sobre fobia e depressão.
Uma câmera vista de cima apresenta ao jogador um protagonista anônimo, sem sexo, de pouca expressão facial e recluso em uma casa claustrofóbica. A rotina do personagem consiste em preparar o jantar, tentar dormir, ir ao trabalho, interagir com pessoas e lutar contra uma incontornável fobia de aranhas. Não há opção em iniciar um diálogo com alguém, e os comandos para interagir com o cenário são limitados. Umas das formas de sair do apartamento é por meio de sonhos. "Quero transmitir a sensação do jogador ter muitas pessoas a seu redor, mas ao mesmo tempo se sentir incapaz de se conectar a qualquer uma delas", diz Levall.
Loiro, dono de um óculos de hastes finas e com forte sotaque, Levall é autor de artigos sobre adequação no ambiente de trabalho, assim como divulga sua visão sobre reflexões sociais e filosóficas aplicados aos games. Não à toa, o desenvolvedor assina um protótipo chamado A Can Of Soda, jogo de tabuleiro virtual no qual demonstra diferenças e semelhanças entre Cristianismo e Humanismo Secular por meio de peças que se destroem e se unem, como num debate real de ideias.
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Em Please Knock On My Door, Levall se debruçou sobre artigos sobre fobias, disfunções emocionais, relatos de amigos e confessionais publicados na Internet. Algumas experiências depressivas da própria vida foram retratadas, apesar de nada do título carregar o fardo autobiográfico. "A fobia no jogo não se baseia naquelas que existem no próprio jogador. Ao contrário, tento fazer com que as pessoas entendam as fobias do personagem principal".
Cada direção tomada é progressiva e lenta. Às vezes, levam a superação, por vezes, em isolamento. Da janela da cozinha, o herói avista uma árvore sempre reluzente, numa espécie de metáfora a ser interpretada pelo jogador. "Um dos pontos mais fortes do game é fazer o explorador seguir o próprio ritmo, aprendendo pouco a pouco até obter uma perspectiva mais ampla sobre os temas expostos".
Vai Lá: Please Knock At My Door - Game
Créditos
Imagem principal: Divulgação