As mulheres de Bob
Fotolivro da editora Terra Virgem reúne 50 mulheres retratados por Bob Wolfenson, do nu artístico a momentos mais doces, como o clique de Malu Mader com o filho João
Bob Wolfenson se acostumou, ao longo de mais de 40 anos de carreira, a emprestar seu olhar ao corpo feminino, em ensaios — muitos deles nus, outros tantos não — com algumas das mais bonitas, interessantes e influentes mulheres brasileiras. É por seu olhar que as vimos despidas real ou metaforicamente, tal qual consegue exprimir um retratista de quem posa para as suas lentes — habilidade essa que é revista com o lançamento de Bob Wolfenson, fotolivro da coleção Fotógrafos Viajantes, da editora Terra Virgem.
Após um longo mergulho no grande acervo do fotógrafo paulistano, o editor Roberto Linsker resolveu trocar a ideia de fotos de viagens, que norteava a série, por uma viagem ao universo feminino de Bob. "Meu trabalho não é muito de viagem, então ele usou o título da coleção metaforicamente, como uma outra viagem", explica Bob.
Mais afeiçoado e acostumado ao formato de livros de mesa, Bob conta que a publicação que lança agora, que se assemelha ao tamanho de um clássico álbum de fotografias, terá ainda outras duas edições diferentes, mais luxuosas. "Tem uma edição para colecionador, que vai ser assinada, numerada e acompanhará uma foto da Luíza Brunet, também assinada e numerada — serão 26 exemplares. E tem também uma outra, exatamente igual essa de colecionador, mas sem a foto e a assinatura. As duas são soltas, sem costura, com um elástico prendendo. Ficaram muito bonitas", conta o fotógrafo.
O livro reúne 58 imagens e uma seleção de 50 das muitas mulheres que ele já fotografou, entre os clássicos nus que fez — na publicação tem, para citar algumas, Sônia Braga, Nanda Costa, Claudia Liz, Laura Neiva, Alessandra Negrini — e também Mart'nália, Rosana Prado, Malu Mader com o filho João, entre outras, em retratos delicados.
Bob Wolfenson, da editora Terra Virgem, é uma coletânea curta em comparação ao enorme acervo do fotógrafo, em especial quando o assunto é retrato, linguagem em que está marcado na história. A revisão desse portfólio, no entanto, não se encerrará com a publicação. "Para o ano que vem, tem um projeto de uma exposição muito grande minha, no Espaço Cultural Porto Seguro, com todos os meus retratos, desde os anos 70 até agora", conta. E a experiência de mergulhar no próprio acervo é algo que o fotógrafo tem gostado de fazer. "Mesmo sendo um acervo, quando ele é retrabalhado, quando você pensa nos nexos todos para montar uma exposição e fazer um livro, ele adquire outros contornos, fica de outra forma, você repensa todo o seu trabalho de um jeito diferente."
O lançamento do livro ocorre no dia 6 de novembro, às 19h, no Anexo Millan, na Vila Madalena, em São Paulo. E, para o futuro, além da exposição, devemos ver em 2018 algumas experiências de Bob: "Eu já experimentei muito, e abandonei, fazer umas colagens, assim na linha de David Hockney. Mas eu tenho pensado ultimamente em alguma coisa assim", conta, ressalvando que não imagina muito mudar seu trabalho no sentido de experimentar novas linguagens. "Sou o que sou, não tem nada que eu queira fazer muito diferente. Mas a minha marca não é muito a coerência. Eu estou te falando isso e de repente estou pisando em cima do negativo, riscando, sentando em cima, rasgando e expondo isso, sei lá."