Entre o passado e o futuro
Sensação da nova cena eletrônica nacional e admirador de músicas da década de 80, Lukas Ruiz, 23 anos, mais conhecido como DJ Vintage Culture, está estourando por todo o Brasil
Em 2008, quando tinha 15 anos e morava em Mundo Novo, interior do Mato Grosso do Sul, Lukas Ruiz ganhou um computador de seu pai. “A gente não tinha internet em casa, então eu ia na lan house baixar os programas de música”, ele lembra. Cinco anos depois, em 2013, decidiu virar DJ e substituiu seu nome por uma alcunha artística, mais adequada ao seu projeto de deep house com influências de sonoridades da década de 80: Vintage Culture. Em 2015, além de ser escalado para se apresentar nos festivais Lollapalooza, Tomorrowland e Rock in Rio, ele saiu em turnê pelo Canadá, Sri Lanka, Rússia, Egito, Inglaterra, França, África do Sul, Turquia e Austrália. “Eu não esperava isso. Não sei o que está acontecendo, não tem receita, não tem enredo, é um dia após o outro com muito amor e dedicação pelo que faço e com mais amor ainda pelo carinho que recebo”, diz.
Qual foi a reação de seus familiares quando você disse que queria ser DJ? Não foi das melhores, eles queriam que eu estudasse direito e até entrei na faculdade. Mas meu coração estava na música. Com o tempo, ela venceu e hoje somos muito unidos em torno do que eu faço.
E seus amigos de infância, você ainda tem contato? O que eles acham do seu sucesso? Tenho alguns amigos que são para a vida toda, que viajam comigo e fazem da parte mais dura da profissão – viagens, pressão, cansaço – algo mais fácil de levar. A leveza da amizade verdadeira não tem preço e não tem sucesso que interfira. Todos são muito felizes pelo que está acontecendo comigo e eu sou muito feliz de tê-los ao meu lado.
Como você enxerga o futuro da música eletrônica no Brasil? Como público, eu sempre curti DJs e produtores brasileiros, era o que chegava até mim e sempre valorizei muito os artistas nacionais por isso. O que eu acho que está acontecendo agora é que finalmente temos uma onda grande e relevante de produtores brasileiros, artistas locais que estão fazendo as próprias músicas e ganhando projeção em função disso, ou seja, é algo muito sólido. A música é própria e isso gera uma conexão muito mais profunda com as pessoas, ainda mais entre nós, brasileiros, que já somos mais emocionais e engajados com nossos ídolos do que outras culturas.
Qual foi o momento mais emocionante que você viveu na profissão? Foram alguns, como receber feedbacks da minha música de regiões tão remotas quanto o Sri Lanka ou, tocando, fazer o encerramento do palco principal do EDC Brasil [Electric Daisy Carnival] e perceber que tinha algo especial acontecendo comigo, não só a oportunidade de estar lá, mas de energia, foi uma experiência extrema.