Depois das Eleições, as Reuniões
Estamos Todos Confiantes
Passadas as eleições, os antigos e os novos eleitos vão reempossar ou empossar no começo do ano. Pelo que ouvi nos discursos e promessas de campanha, agora entraremos em período de grande prosperidade. Provavelmente lançarão mão do poder e do dinheiro que foram por nós investidos, para reformar, humanizar e melhorar a nossa sociedade. Pelo menos assim disseram e com uma veemência que me impressionou. De onde vim, só se questiona a palavra de um homem quando se esta disposto a enfrentá-lo até o fim. Mesmo que este homem seja uma mulher.
Estamos todos confiantes que nossos escolhidos para serem nossos representantes não pensam em outra coisa senão no bem estar de todos nós. Foi por esse ideal que imagino, tenham se candidatado. Senão, como encarar o buraco sem fundo da verba de campanha, tão legitimamente captada? Sem contar o estresse, a canseira, os discursos inflamados e aquele corpo a corpo tão enriquecedor dos debates com adversários. E depois de janeiro (imagino a ansiedade em “botar a mão na massa”) ainda tem a rotina estafante dos corredores dos palácios e da vida pública. Não é fácil, reconheço.
Com certeza agora estão se encontrando em reuniões históricas para se unirem em grupos e comissões de estudos e ataque aos problemas mais graves da nação. Como aumentar salários ou como ensinar aos empresários a tratar seus empregados com mais dignidade. Todos nós estamos confiantes que nesse momento eles devem estar debruçados sobre mapas, estatísticas, projetos, estudos, elaborando planos para melhorar a nossa vida em sociedade.
Os que estão entrando agora devem estar nervosos com a estréia. Provavelmente o nervosismo tem a ver com a ansiedade por cumprirem as promessas que fizeram durante a campanha e mais alguma coisa de quebra.
Embora a primeira impressão que nos fica das matérias nos jornais e noticiários, é que nesse instante eles estão mais preocupados em fazer por eles primeiro. Mas língua não tem osso, daí esses jornais falam o que querem. Quem sabe eles até estejam certos. Como poderão ajudar os outros sem terem nem para si, não é verdade? Primeiro precisam se ajudar entre eles. Tem lógica, embora nos soe perversa porque eles vão ganhar um salário até bem razoável. Garante uma vida tranqüila durante o mandato.
Estamos todos confiantes que eles não estão discutindo diretorias; cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões; jetons; estipêndios; funções gratificadas; verbas de gabinete; salário dos assessores; cargos em comissão; gratificações; auxílio-tudo; e todas aquelas maneiras vergonhosas e nada éticas de se locupletar com o dinheiro público.
Foi por isso nós votamos neles: porque estamos todos confiantes de que irão se desdobrar para transformar esse país do futuro em país do presente.
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Luiz Mendes
25/11/2010.