Tinta nos muros de Damasco, de novo

Como foi a experiência de Zéh Palito e Rimón Guimarães, os brasileiros que pintaram o maior mural de arte de rua da Síria

por Nathalia Zaccaro em

Em 2011, no início dos protestos que culminaram no conflito vivido hoje na Síria, uma pichação foi estopim para o agravamento da crise. A polícia prendeu, e supostamente torturou, uma dezena de estudantes que pediram, nas paredes de uma escola, a queda do governo de Bashar al-Assad. Quando os grafiteiros brasileiros Zéh Palito e Rimón Guimarães desembarcaram em Damasco, no último dia 19 de abril, estavam preparados para enfrentar resistência contra a cultura que foram propagar.

O maior mural de arte de rua da Síria, pro Rimón Guimarães e Zéh Palito - Crédito: Conexus Project

A recepção surpreendeu e a dupla acabou pintando o maior mural de arte de rua do país. O muro, de 266 metros quadrados, foi finalizado com a ajuda de crianças e adolescentes da região. “Não tem como explicar a sensação de pintar com o barulho de bombas e tiros o tempo todo, mas foi incrível viver essa experiência e saber que levamos um pouco de esperança para aquele canto do planeta”, conta Zéh Palito.

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Antes da Síria, a dupla esteve em um campo de refugiados na província de Begaa, no Líbano, onde promoveram oficinas de arte com moradores da região. “Esse contato foi o que mais nos deu energia para continuar pintando e enfrentar os riscos que estávamos correndo só por estar ali”, diz Zéh Palito.

Oficinas de arte no Líbano - Crédito: Conexus Project

A ida dos brasileiros ao Oriente Médio é parte do Conexus Project, iniciativa gaúcha que há nove anos conecta pessoas de diferentes realidades por meio da arte. “Nós já tínhamos trabalhado com populações periféricas algumas vezes, mas a situação dos refugiados de guerra é nova para nós”, explica a curadora Sheila Zago, que desde o ano passado leva artistas para a região de conflito. 

“Não existe a cultura do grafite na Síria, nem existe spray para vender lá, tivemos que levar tudo conosco”, conta ela. Depois de Zeh Pálito e Rimón Guimarães, que juntos formam o duo Cosmic Boys, o Conexus Project levará Tarsila Schubert, artista paulistana radicada em Dubai, para promover novas oficias de arte de rua para refugiados.

Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project
Crédito: Conexus Project

 

Créditos

Imagem principal: Conexus Project / Divulgação

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