A Arte a democratizar a História

por Luiz Alberto Mendes em

 

The Beatles

 

Para mim não existe uma maneira única de transformar a nossa história. Creio sejam infinitas as possibilidades. Inclusive há pequenas grandes mudanças. Creio, as ultrapassagens ocorrem em microscópicas partículas sedimentadas. Na existência chamamos isso de vida.

A Arte talvez seja um dos instrumentos da natureza que mais transforma a história. Abrange a tudo e ampliar para todos. Creio que o exemplo mais claro disso vem dos Beatles. É deles grande parte da responsabilidade da democratização da música no mundo todo.

Eles não possuíam um bom vocalista. Nem Lennon ou Mc Cartney tinham grandes vozes. Paul era sofrível no baixo e John fazia uma base que era só acompanhamento mesmo. Ringo, pobre Ringo Star se confrontado com os bateristas das bandas atuais... O único que era bom no que fazia era George Harrison. Criou novos acordes e fez ótimos solos. Somando, o que se tem? Um grupeto de garagem que jamais ultrapassariam Liverpool.

O que possuíam eles para chegar a ser a mais famosa das bandas? Lennon chegou a afirmar que eles eram mais conhecidos que Jesus Cristo. No que não esteve errado de todo. A Geografia nos mostra que apenas 2/5 da humanidade é cristã. A banda The Beatles era conhecida nos cinco continentes, em seu auge.

O que eles tinham de tão extraordinário que fez a diferença? Acho que a  resposta é fácil. Eles possuíam idéias musicais simples, mas substanciosas. Comoventes, bobas, alegres, inconseqüentes, as letras eram cheias da vida cotidiana. Depois naturalmente foram desenvolvendo a genialidade que havia em suas almas. No LP Sargent Pipper Band percebesse como conquistaram a universalidade com suas músicas.

E nesse processo de aprender fazendo, democratizaram a música. Até então somente Nelson Gonçalves, Frank Sinatra, Angela Maria e outros poucos privilegiados  da voz faziam sucesso. Já depois do fenômeno The Beatles, é apenas preciso ter uma boa música e não ser desafinado de todo. Hoje possuímos uma tecnologia sofisticada, criamos em dezenas de canais de áudio. Temos toda potência do mundo para amplificar vozes pequenas. Assim surgiram Roberto Carlos, Ronnie Von, Chico Buarque e muitos outros seguindo essa trilha.

Qualquer um de nós com uma voz normal e algumas aulas de canto, pode entrar em um estúdio, desses de fundo de quintal que proliferam, e gravar um bom CD. Se cair no gosto, pode até ser sucesso. A música ficou mais democratizada. 

Claro que essa é uma opção pela quantidade, pela ampliação de oportunidades. Pode-se imaginar que tal fenômeno ocorre em detrimento à qualidade. Mas, dessa forma todos terão oportunidade e novos artistas, que antes não teriam chance,  surgirão trazendo qualidade também. Nesse caso, a quantidade possibilita qualidade. Parece-me, salvo melhores explicações, que a música foi democratizada. Vai quem quer hoje em dia, mas só a qualidade se perpetua.

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Luiz Mendes

30/10/2010.

 

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