"Um dia vou ser campeã mundial"

Aos 12 anos, Tainá Hinckel já passou mais da metade da sua vida em cima de uma prancha de surf

por Janaína Pedroso em

Tainá Hinckel é filha do ex-surfista profissional Carlos Kxot, cresceu na Guarda do Embaú, surfa desde os seis anos de idade e aos oito começou a competir. “Eu acompanhava meu pai nos circuitos amadores de surf catarinense. Um dia, decidi correr uma bateria e nunca mais parei”, conta ela, que está acostumada a competir contra os meninos, já que há alguns anos não havia campeonatos femininos no país. E ela se acostumou a ganhar deles também.

No último final de semana, a surfista conquistou o primeiro lugar na 2ª etapa do Rip Curl Grom Search, que rolou na praia de Itaúna, em Saquarema, no Rio de Janeiro. A competição reuniu 112 atletas divididos nas categorias do sub-12 aos 16 anos.  O evento tem o peso de um circuito brasileiro amador e tem como finalidade descobrir novos talentos e motivar a moçadinha a competir. Os vencedores terão a chance de representar o Brasil na etapa mundial.

Tainá acompanha o pai na sala de shaper da sua primeira prancha. - Crédito: Arquivo pessoal

Com jeitinho de menina e surf de gente grande, Tainá também arrancou aplausos e a nota 10 dos juízes na volta do campeonato brasileiro de surf feminino no final de 2015, em Itamambuca. Naquela época, contou: “Estou muito feliz em poder estar aqui em Ubatuba. Já competi fora do Brasil, no Havaí e na Indonésia, em campeonatos que não tinham uma grande premiação, mas que serviam para reunir a galera e fazer pegar o gosto pela competição”. 

Tainá em uma sessão de surf. - Crédito: Reprodução Instagram

O ídolo
Tainá ainda é uma menina, mas já conhece bem as dores e as saudades deixadas pela morte de alguém querido: Ricardo dos Santos, surfista morto na porta de casa por um policial (em folga) em janeiro de 2015, durante uma discussão banal. “Minha família era muito amiga dele, meu pai o conhecia desde que ele nasceu. Cresceu na minha casa e brincava com meu irmão, quando eu ainda era bem pequena”. Tainá, assim como o campeão mundial Adriano de Souza, o Mineirinho, costuma dedicar suas conquistas ao Ricardo, e pretende nunca mais esquecer seu "grande herói".

Tainá (de biquíni) com seu ídolo Ricardo dos Santos (à frente da prancha), morto por policial em janeiro de 2015. - Crédito: Arquivo Pessoal

Patrocínio
Há cinco anos, a atleta faz parte do time da Mormaii. “O patrocínio aconteceu durante um campeonato de surf. Luiz Carlos Borges, que liderava a equipe,  estava assistindo à competição e gostou muito da performance de Tainá, que fez final contra os meninos e conquistou o segundo lugar”, relembra o pai da surfista.

Crédito: Arquivo pessoal

Seu sonho? Ela fala com toda tranquilidade: “ser campeã mundial”.  Alguém duvida?

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