por Marcela Paes

O melhor e o pior da segunda edição do festival

“Everybody is talking about the stormy weather” é um verso da canção "Teenage Riot", tocada pelo Sonic Youth no terceiro dia de SWU 2011, mas que também serviria perfeitamente para traduzir um dos assuntos mais falados pelo público: a chuva.

Com clima estável apenas em seu primeiro dia, o festival contou com mais de 70 atrações e manteve média de público, mas só teve lotação completa - 70 mil pagantes - na última data de apresentações. Ao contrário de sua primeira edição, as filas para banheiros e bares desta vez estavam pequenas e a quantidade de ambulantes vendendo cerveja aumentou consideravelmente.

Apesar de mudanças positivas na estrutura, como a boa qualidade som e o acesso mais fácil, o Festival ainda patinou (literalmente) em problemas como o da enorme quantidade de lama e a falta de informações sobre o line-up. Não havia placas informando sobre o que acontecia nos diferentes palcos, nem a respeito das próximas atrações.

O que foi  mais legal:

O show do Hole começou animado com um grupo de modelos vestidas de forma espalhafatosa fazendo as vezes de dançarinas. Courtney Love abriu com a canção “Pretty On the Inside”, seguida da pesada “Skinny Little Bitch”, dedicada fofamente à modelo Gisele Bundchen. Falando mais que a boca e às vezes até esquecendo de cantar, a vocalista era uma metralhadora giratória de farpas. Sobrou um pouco para Billy Corgan, do Smashing Pumpkings e muito para o já notório desafeto Dave Grohl, do Foo Fighters. Um dos momentos mais rock and roll do festival.

A já anunciada separação de Kim Gordon e Thurston Moore, que deixou muitos fãs temerosos pelo fim
do 
Sonic Youth, não atrapalhou a inspiradíssima apresentação da banda. Com  um público considerável, a despeito da chuva, o grupo fez, como sempre, um show para os fãs, mas com músicas para agradar qualquer desavisado mais sensível. Hits como “Sugar Cane” e “Tennage Riot” fecharam a apresentação que não lembrou em nada o lado triste e ruim de uma briga de casal.

Um desentendimento quase nunca é motivo pra comemoração, mas em determinadas ocasiões, um recado bem dado é a coisa mais roqueira a se fazer. Tudo começou com um atraso na apresentação do Ultraje a Rigor somada a uma reclamaçao da equipe do cantor Peter Gabriel, pedindo que a banda brasileira diminuísse a duraçao de seu show. Roger, em um primeiro momento, pensou que os roadies reclamões fossem os do músico Chris Cornell, que se apresentaria em seguida, e após uma coisa levar à outra, a confusão acabou em troca de socos na lateral do palco durante a apresentaçao do Ultraje. Sem deixar barato, o hit escolhido pelo cantor brasileiro no pós-pancadaria foi a canção “Filho da Puta.”

Se só fosse possível escolher uma palavra para definir Mike Patton, vocalista do Faith No More, essa palavra seria carisma. Na apresentação com o maior número de fãs fanáticos, a banda americana realizou um dos show mais bonitos e animados do festival. Mike não economizou nas homenagens ao Brasil e além de repetir diversos palavrões em um simpático e esforçado Português, chamou ao palco o coral das crianças de Heliópolis e um poeta pernambucano, que recitou versos antes da canção "King For a Day". Os hits "Easy" e "Epic" também fizeram parte do set list da banda e completaram a noite feliz.

O que não foi tão legal:

No segundo dia do festival, aconteceu o único cancelamento de shows do SWU. A banda americana Modest Mouse não se apresentou no palco New Stage por problemas atribúidos a entrega do seu equipamento. A informação foi dada antes do show do Hole e com ela, a promessa de uma remarcação da data.

Após uma primeira edição em que a pista VIP foi alvo de ira e tentativa de invasão, a organização do Festival resolveu, corretamente, abolir a área privilegiada em frente ao palco e assim permitir que os verdadeiros fãs ficassem no gargarejo. Apesar de positiva, a mudança fez com que o Lounge VIP desta edição - que custava 900 reais - só parecesse interessante como abrigo da chuva. Mal localizada na lateral dos palcos e sem o atrativo da proximidade, nem o jantar, bebidas e massagem inclusas fizeram com que o diferencial não fosse o grande mico no festival.

Quem gosta de música eletrônica pode até ter mais familiaridade com a lama, por conta dos locais onde são realizadas as raves, mas entrar na tenda eletrônica Greenspace e sair limpo era tarefa das mais difíceis. Além do barro, a lotação e os furtos de celular foram as reclamações mais constantes.

Com mais coisas boas que ruins, o SWU, que tem a cidade de Paulínia confirmada para mais três edições, e terá sua data alterada no ano que vem, se firma como uma boa opção para aqueles que encaram um pouco de perrengue para ver algumas super bandas reunidas.
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