Carnaval é aqui, mas não só

O Brasil é do Carnaval. Fato inconteste. Mas ele não nasceu aqui, não acontece só aqui e provavelmente não é “melhor” aqui

por Gaía Passarelli em

O carnaval é nosso cartão postal e auge do ano de um monte de gente. Mas, por mais que sejamos uma nação carnavalesca, a festa não é exclusividade do Brasil. Esse tipo de subjetividade não dá pra discutir. Tem gente que acha que o carnaval de Muzambinho é melhor que o de Salvador, ou que o do Rio é melhor que o de São Paulo, ou que o que pega mesmo é pular Carnaval em São Luiz do Paraitinga. Como em quase tudo de bom na vida, não tem “melhor” – tem o que você gosta mais.

O carnaval é europeu, com raízes na Roma antiga. O feriado seria um tipo de última grande celebração antes da quaresma, aqueles 40 dias de penitência entre a Quarta-Feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa. Como pecados serão pagos depois, durante essa época tudo é permitido, inclusive assumir outra personalidade – daí as máscaras ou fantasias. A festa veio para as Américas junto com os colonizadores e se desenvolveu de formas bastante similares em partes diferentes. É por isso que o carnaval em Barbados  (você sabe, aquele que a Rihanna sempre vai) não é tão diferente do que você vê no Rio de Janeiro. 

Dito isso, conheça outros carnavais do mundo.

Nice, na França - Crédito: Mark Fischer

1. Nice, França
Diferente para nós, foliões tropicais, é o carnaval como o de Veneza: no frio, com máscaras elaboradas e roupas luxuosas. É famoso a beça, mas o maior carnaval da Europa é o de Nice, cidade costeira da França, com desfiles de carros alegóricos (não raro com sátiras políticas) e concurso de barcos decorados com flores – porque a festa também marca a chegada da primavera. Tem origens no século XII e dura nada menos que duas semanas.

Binche, na Bélgica - Crédito: Farrukh

2. Binche, Bélgica
Outro carnaval que existe há séculos é o de Binche. Na verdade toda a Bélgica tem tradições carnavalescas (quem diria!) e o dessa pequena cidade é o mais famoso, tombado como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Existe desde o século XIV, e acontece em torno da figura dos Gilles – homens fantasiados que atiram laranjas nas pessoas como sinal de boa sorte.

 

Mardi Gras, nos Estados Unidos - Crédito: Duncan Rawlinson

3. Mardi Gras, EUA
A “terça-feira gorda”, ou “Fat Tuesday” pros gringos. É também a festa mais conhecida do sul dos EUA, e acontece em Nova Orleans. Tem tradições específicas como máscaras, carregadores de tochas, o “rei” do carnaval e os colares de contas coloridas, mas é famosa mesmo pelo clima de vale-tudo-com-se-não-houvesse-amanhã, que nós brasileiros conhecemos tão bem.

Peñon de Los Baños, no México - Crédito: Angel Morales Rizo

4. Peñon de Los Baños, México
Como o Brasil, o México tem centenas de festas e desfiles de carnaval. Música alta, gente fantasiada e aquele clima de última folia antes de pagar os pecados são comuns nas cidades maiores ou nas regiões mais turísticas do país, mas danças e roupas tradicionais ainda são encontradas em vilas e povoados. O Carnaval de Peñon de Los Baños, nos arredores da capital mexicana, é um bom exemplo – há danças em cemitérios para que os mortos também participem da festa.

Oruro, na Bolivia - Crédito: Szymin Kochanski

5. Oruro, Bolivia
O carnaval boliviano dura dez dias, mas é no sábado, na pequena Oruro, a 540 km de La Paz e 3.700 metros de altitude, que acontece o ápice da festa. O Carnaval de Oruro dura um dia inteiro e tem diferentes agremiações percorrendo a avenida principal da cidade (com doze quilômetros!) mostrando danças e lutas numa celebração intensa, que mistura tradições andinas, fantasias brilhantes e máscaras elaboradas. 

E se quiser ver algo totalmente diferente, saca esse post sobre tradições carnavalescas na região da Galícia. São festas tradicionais, algumas tem mais de 400 anos, celebradas em povoados, com fantasias e muito sincretismo católico-pagão. 

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