O primeiro episódio de The Get Down

A série estreia este mês e recria o início da cultura hip-hop em NY. As rappers Lurdez da Luz e Laysa Moretti comentam o primeiro episódio

por Letícia González em

No sudoeste do Bronx, no final dos anos 70, uma cultura se espalhou pelos subúrbios. Cresceu e dominou o mundo até chegar ao mainstream, onde reina hoje. Nascidos sob duo pobreza & violência, o hip-hop e o rap cantaram a vida do gueto com uma mistura inédita de batidas jamaicanas, toca-discos e rimas improvisadas. Grandmaster Flash, um dos pioneiros do movimento, emprestou suas memórias de adolescência ao diretor Baz Luhrmann (de Moulin Rouge, 2001, e de The Great Gatsby, 2013) para a criação da série The Get Down, que estreia na Netflix este mês.

A série começa no verão de 1977, numa Nova York que virou as costas para o subúrbio negro ao norte de Manhattan. Lá, no entanto, a coisa ardia e os jovens cresciam entre a violência das gangues e da polícia. Sim, soa parecido à realidade brasileira. Abaixo, o que duas rappers sentiram ao assistir o primeiro episódio.

Crédito: Fernando Eduardo

O Bronx é aqui
A cantora Lurdez da Luz achou inevitável fazer o paralelo entre a história contada em The Get Down e o que ela acompanhou aqui no Brasil. “Tem muito a ver com o rap nacional, as experiências são bem similares”, diz. Outro aspecto que ela ressalta é o grafite, que escancara a hipocrisia da época. “O bairro todo caindo aos pedaços e a televisão fala do 'vandalismo' do grafite. É o mesmo que ocorre com o pixo aqui.” Hoje, aos 36 anos, ela lembra: “Quando descobri os Racionais MC's, pirei. Veio tudo junto: a poética do Mano Brown, o ódio contra a injustiça, um sentimento universal de revolta”.

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Crédito: Estilo Eduardo Costa/Brechó Replay

O corre de cada um
A rapper Laysa Moretti, a Lay, 23, se emocionou com o seriado. "Me identifiquei com o 'corre' atrás dos sonhos sem apoio dos pais", diz. Natural de Osasco, na zona oeste de São Paulo, ela cresceu ouvindo rap. "Era do rádio do vizinho ao som do carro que passava." Para Laysa, sair da invisibilidade usando a música, como buscam fazer os garotos e garotas de Luhrmann, é batalha diária no gueto brasileiro. "Se sentir fora da sociedade ocorre full time. Vem do momento que você nasce preto, pobre e mulher."

Vai lá: The Get Down, dia 12/08 na Netflix.

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