Metamorfose ambulante

por Paula Rothman
Tpm #82

Ana Cañas aprendeu a andar de salto outro dia e acredita que ser bonita é ter atitude

 
Ana Cañas tem um quê de diva, outro de moleca. Aprendeu a andar de salto outro dia e acredita que ser bonita é ter atitude. Descubra como essa paulistana de 27 anos cuida do corpo, da voz e da cabeça

Ana sempre gostou de ser diferente. Se aos 27 anos faz shows pelo Brasil com cabelo propositalmente bagunçado, roupas descoladas e batom vermelho, na infância era a mais “largada” do colégio. “Fui meio anti-social, esquisita e menininho... Talvez por ter quatro irmãos mais novos, todos homens”, diz. Hoje, nos seus dias de “mulherzinha”, gosta de comprar acessórios e peças únicas, pois acredita que se vestir, mais do que vaidade, significa passar uma mensagem. “Era muito próxima do meu pai, um cara que usava roupas descombinando e não estava nem aí. Isso me fez ver a beleza pelo filtro da atitude, porque o mundo não te estimula a ser diferente”, filosofa.

Ana Cañas é casada há cinco anos com o artista plástico Flávio Rossi. “Meu marido tem uma beleza diferente. Sempre gostei de pessoas não convencionais, como aquele quatro-olhos do colégio”, brinca. Para ela, beleza é fácil de passar batido, mas charme... “A beleza se consegue explicar, o charme é quase uma arte.”

Um ano depois do lançamento de seu primeiro CD, Amor e Caos, em que sete das dez músicas são de sua autoria, Ana é vista como uma das grandes promessas da música no país. Mas esse nunca foi seu objetivo e, antes de descobrir o talento, ela esteve em muitos outros palcos. Aos 20 anos, quando passou no vestibular para artes cênicas na USP, saiu de casa para se manter sozinha. Pet shops e buffets infantis já constavam em seu currículo quando, aos 23, um amigo a indicou para o papel em um musical. Até então, só havia cantarolado nas rodinhas de violão da faculdade. O teste exigia Ella Fitzgerald e Ana mergulhou no repertório da diva do jazz. “Foi ali que percebi que a música poderia ser também uma arte, como o teatro era para mim”, conta. O papel não vingou, mas rendeu convites para apresentações na noite paulistana. “Comecei para pagar as contas e tomei gosto. Tive a sorte de cair no Baretto, do hotel Fasano, onde, uma noite, pude cantar Chico Buarque para o próprio”, lembra.

Como foi cantar para o Chico Buarque?
Ah... É o Chico Buarque, né? O que eu vou falar? É um querido e até me mandou convites para um show dele. Não é meu compositor favorito, mas o admiro muito.

E quem é o favorito?
Gil e Caetano. Adoro o movimento da tropicália, essa coisa meio maluca, e tenho até uma tatuagem no pé de uma frase do Gil: “Andar com fé eu vou”. A minha outra tatuagem é “Pai”, que fiz na nuca logo depois que meu pai faleceu.

Tem alguma coisa de que você não gosta na sua aparência?
Amanhã minha bunda vai cair. Meu peito já está caindo, tenho celulite, estria... Mas tudo bem: esse é meu corpo, minha história. Botox e plástica são perda da identidade.

Como é você em um domingo preguiçoso?
Se estou em casa posso ficar o dia todo de pijama, bem relax. Não tenho paranóias: fico do jeito que eu quero. Tenho a sorte de ser casada com alguém que me acha mais bonita sem maquiagem!



Mulherão
“Comecei a usar salto alto e batom vermelho há seis meses. Entendi que não é por causa disso que vou parecer frágil. Estou num processo de experimentar”

Cogumelo
“Com uns 12 anos tinha cabelo meio crespo e minha mãe cortou ele bem Chanel. Virei um cogumelo"

Conga, la conga
“Eu era machinho até a adolescência. Nunca usei saia, sandália, bolsinha ou cor-de-rosa. Usava Conga. Brincava na rua”



Arte
“Não vou no que todo mundo tá usando. Visto Isabela Capeto, por exemplo, que considero mais artista que qualquer outra coisa”

Eu sou assim
“Não mudaria nada no meu corpo. Gosto até das minhas imperfeições, como o meu minijoanete!”

Deu nó
“Tenho cabelo fino e sempre perdia horas para desembaraçar. Agora uso o condicionador da L'Occitane, de artemísia, da linha Aromacologia. É uma maravilha”



Flúor
“Recentemente descobri uns delineadores coloridos da M.A.C, de tons nada óbvios, que adoro usar”

Investimento
“Agora que tenho mais dinheiro, posso investir em produtos melhores, já que tenho a pele sensível. Adoro o rímel da Yves Saint Laurent”

Phebo
“Antes de dormir lavo o rosto com água e sabonete Phebo para tirar a maquiagem. É meu único cuidado diário”



Arco-íris
“Comprei a coleção de esmaltes da Impala nas cores verde, azul, amarela e laranja. Passo nas mãos e nos pés. Se descascar, até acho legal”

Cabeleira

“De vez em quando faço uma máscara de tratamento Masquintense, da Kérastase. É cara pra caramba, mas ótima”

Bochecha
“Uso um batom como blush, detesto o pó dos produtos convencionais. Faço umas bolinhas com o Russian Red, da M.A.C, e espalho para ter um efeito mais natural”



Música nas orelhas
“Tenho todos os tipos e tamanhos de brincos que você puder imaginar. Procuro coisas que tenham a ver com música e sejam diferentes. Nada tá na moda”

Na cabeça
“Adoro acessórios. Anel, pulseira, brinco... Estou na fase dos lenços na cabeça”

Natural chic
“Comprei o creme de carité da L'Occitane, para as mãos, e estou com mania de passar. Essa marca é ótima, tem coisas muito naturais”



Grude
“Na bolsa, levo um batom vermelho para blush e boca, o creme de mão, um rímel e um leave-in da mesma marca do meu condicionador”

Cinderela

“Adoro os sapatos da Sarah Chofakian, mesmo caros, são lindos e únicos”

Ney é tudo
“Bonito é o Ney Matogrosso – cheio de ruga, cabelo branco e com muita história pra contar”

Foto Ana Cañas Kiko Ferrite
Maquiagem David Borges (BLZ)
Fotos bolinhas Divulgação e reprodução

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