Maeve Jinkings, tigresa

Tem gente que fala que a atriz Maeve Jinkings, 39 anos, é a nova Sônia Braga. Achamos que Maeve é Maeve (o que não quer dizer que seja menos poderosa). A atriz do filme Aquarius (que causou frisson em Cannes e ganhou o principal prêmio do festival de Sydney) falou com a gente sobre feminismo e tapete vermelho. Quem disse que as duas coisas não podem andar juntas?

Tpm. Muitas pessoas estão comparando você com a Sônia Braga, como se sente?
Maeve Jinkings. Tigresa!

Você participou do momento emblemático em que a equipe de Aquarius levantou placas contra o impeachment de Dilma Rousseff em Cannes. Como foi a preparação? Já estávamos ansiosos com a projeção, o que sempre acontece nessa situação. Mas havia a ansiedade extra pelo nosso protesto, que era um desejo coletivo e muito orgânico diante do que víamos ocorrer no Brasil. Discutimos as frases que estariam nos papéis, concordamos que faríamos as primeiras fotos oficiais sem protestar, e que em algum momento perceberíamos, um no outro, a hora certa de abrir os cartazes. Foi uma coisa de estar conectado, de estar junto em muitos níveis.

LEIA TAMBÉM: Todos os textos de Nina Lemos na Tpm

Como você descobriu o feminismo? Como muitas mulheres, fui criada com amor e machismo. E falo isso sem julgamento porque já entendi que o machismo não tem forma de bicho-papão. Ele vem em forma de amor, de proteção, de tentativa de acertar. Desde pequena ficava incomodada com desigualdades que não entendia, mas que acabava aceitando por osmose. Me assumi feminista há pouco tempo e essa descoberta se deu através de experiências nas relações pessoais e de trabalho. Mas certamente viver a subjetividade de mulheres na ficção, colocá-las em perspectiva em relação à minha vida, me fez entender que preciso lutar por igualdade de gênero. Personagens me ensinam muito.

Você foi eleita uma das mais bem-vestidas do tapete vermelho pela revista Variety. Como foi escolher a roupa, se montar? Foi divertidíssimo, é um processo gostoso de descobrir um outro tipo de personagem: o da passarela. O que mais queria era me sentir eu mesma, à vontade. O vestido do Reinaldo Lourenço foi feito sob medida pra mim, e ele me fez sentir não apenas linda, mas também livre. Acho que parte da elegância que foi pra lista da Variety teve a ver com essa sensação de liberdade.

LEIA TAMBÉM: Agora sim, sensual: Maeve Jinkings