Hell's Mother

Maternidade sem caô: 'Quando você desromantiza a maternidade, apoia uma mãe no mundo. Isso é muito importante, as mães precisam ser acolhidas'

por Camila Eiroa em

Mãe solteira? E desde quando mãe é status de relacionamento? A jornalista Helen Ramos, de 29 anos, resolveu propor o básico: vamos chamar essas mães de mães solo? Ela é uma delas, engravidou aos 25 anos e desde o começo da gestação assumiu a maioria das coisas sozinha. "Ser solo é ter a participação consideravelmente maior na criação dos filhos. Eu escolhi ter o Caetano, mas foi no dia a dia que tive essa constatação", conta.

No Dia das Mães deste ano, Helen lançou no YouTube o Hel Mother, onde fala de maternidade sem caô, até porque, existem muitas dificuldades na gestação e criação de uma criança. O canal veio por incentivo de amigas Carla Ribeiro, Mariana Lerroy e Mariana Betoni , que hoje são parte na produção dos vídeos: "colocaram essa pilha em mim. Eu falava muito das dificuldades que tinha, mas elas sempre acabavam rindo". Trocar fralda? Receber visitas depois de parir? E onde ficam os convites de amigos para a balada? Mãe pode namorar, fazer sexo casual? O sotaque de Brasília misturado com o humor despojado deu certo e os vídeos começam a colecionar milhares de views.

Porém, nem tudo ali é apenas sobre Helen e Caetano, que hoje está com 2 anos e meio. É, principalmente, sobre todas as mulheres que dividem suas experiências em grupos de maternidade, onde a jornalista se sentiu acolhida depois de ficar grávida. "Eu fui muito excluída e abandonada, me encontrei em grupos maternos. Eram espaços que eu poderia dizer, sem sofrer julgamentos, que estava exausta, que não aguentava mais", diz.

Helen e Caetano - Crédito: Diego Bresani

Para ela, existe uma estrutura criada pela sociedade para as mulheres que têm filhos, independente do fator paterno. "O comportamento social é a coisa mais difícil, perto disso trocar fralda é fichinha", brinca. "Quando você fica grávida, só falam das coisas boas. Mas é muito difícil, eu mesma não imaginava que fosse tanto. Esse novo movimento de desromantizar a maternidade está deixando isso claro."

Helen faz parte da população de mães desempregadas e enxergou em seus vídeos uma maneira de trabalhar com sua maior bandeira, que é mudar a realidade de diversas mulheres que têm filhos. "Percebi que queria usar meu trabalho a favor da minha militância. A coisa mais comum é perguntarem se você é mãe em uma entrevista de emprego. Qual o sentido?", questiona.

LEIA TAMBÉM: HQ retrata a rotina de mães que criam seus filhos sozinhas

A jornalista acredita que hoje em dia as coisas estão mudando e espera fazer parte disso, embora confesse que se sinta, ainda, muito excluída. O canal faz parte dessa transformação. "Em nenhum trabalho eu tive um retorno tão agradável", diz sobre os diversos feedbacks e histórias que recebe por inbox.

E Hel Mother quer ainda mais: se aproximar de adolescentes grávidas, organizar encontros e, sem medo de sonhar alto, criar uma empresa que produza conteúdo web onde as mães se sintam acolhidas, trabalhem 4 horas por dia e tenham espaço para levarem os filhos quando preciso. "Tudo que o canal me possibilitar fazer, eu vou fazer. Entende?"

Vai lá: facebook/helmother

Créditos

Imagem principal: Carla Ribeiro

Arquivado em: Tpm / Maternidade / Comportamento