Betina lança "Carne de Sereia"

por Camila Eiroa

Em disco de estreia, cantora de 29 anos explora universo pessoal e vontade de desconstruir padrões femininos: ”Vejo em cada mulher uma luta diária”

O mar serenou e Betina lançou Carne de sereia, seu primeiro disco. A cantora é natural de Curitiba, já morou em Manaus e hoje vive em São Paulo, capital que adotou para poder aflorar sua criação. Além da música, ela é ilustradora e cursou artes gráficas na faculdade. "Sempre desenhei, sempre estive criando: fosse música, poesia ou pintura. Esse é o tipo de arte que me move", conta.

Aos 29 anos e com seu primeiro álbum já disponível em todas as plataformas, a curitibana começou a subir nos palcos há quase uma década. "Meu pai tinha uma banda antes de eu nascer e sempre rolou todo tipo de som lá em casa, eu me arriscava no microfone", lembra. Em 2011 lançou seu primeiro EP, Doses Homeopáticas de Humanidade. Não demorou muito para BNegão conhecer o trabalho de Betina e convidá-la para um espetáculo do Sítio do Pica Pau Amarelo, como Emília.

"Isso me deu um super gás, rodei por muitos lugares e cresci por ter a oportunidade de estar em palcos que não imaginaria." Embora considere fundamental a experiência para a sua carreira, a cantora tenta se desvincular da imagem do artista, considerado por muitos veículos seu "padrinho". Para ela, "é como se fosse preciso um homem estabelecido no mercado me legitimando, como mulher e cantora".

Sem encontrar ao certo um estilo para encaixar seu tipo de música, Betina canta sobre seu universo pessoal. Todas as letras, compostas por ela, são desabafos, lamentos e celebrações. Seus sentimentos passeiam em diversas sonoridades, que vão do dançante ao psicodélico mais melancólico. Quem assina a produção do disco é o músico China, seu "amigo querido", que deu forma a todas as faixas.

A figura da mulher é importante no trabalho da cantora, que inclusive escolheu o nome Carne de sereia para desconstruir o mito da sereia e quebrar estereótipos. "Enquanto mulher que vivencia tudo isso, trouxe essa desconstrução para o íntimo. Para me entender e me aceitar com mais pluralidade. Por isso as canções acabam sendo desabafos do meu mundo", diz. A maioria de suas ilustrações também são de figuras femininas. "Somos mais que esses padrões que teimam em nos encaixar. Vejo em cada mulher uma luta diária."

Ouça o disco completo aqui. Abaixo, assista o clipe de Cafuné.

Créditos

Imagem principal: Diogo Valentino

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