Nina Becker faz hoje e amanhã no Rio de Janeiro show de lançamento de seus dois discos
Ela não é exatamente uma estreante, afinal brilhou por sete anos na Orquestra Imperial. Porém os shows que Nina Becker apresenta hoje e amanhã no Espaço Sesc do Rio de Janeiro tem sabor de novidade para os seus fãs. A cantora e compositora mostra os aguardados discos Azul e Vermelho (YB Music).
Com uma ousadia ímpar, Nina estreia logo de cara com dois bons álbuns que se complementam. Produzidos em parceria com Carlos Eduardo Miranda e Mauricio Tagliari, os álbuns apontam as suas influências. Azul, que levou três anos para ser concluído, é minimalista e privilegia mais a sua doce voz. Vermelho foi gravado em quatro dias e, apesar de não ser tão mais caloroso quanto o nome sugere, tem uma pegada do rock brasileiro e do pop francês dos anos 60.
Nina é autora de nove das 20 faixas que compõem os dois discos. Entre os compositores que gravou estão nomes da nova música brasileira já reverenciados, como Domenico Lancelotti, Moreno Veloso, Rubinho Jacobina, Nervoso, Rômulo Fróes e Nuno Ramos. Há ainda a parceria entre Jorge Mautner e Nelson Jacobina em duas faixas: "Samba Jambo", pincelada de Azul, e "Lágrimas Negras", de Vermelho.
No palco, agora acompanhada por uma estrutura bem mais enxuta do que a Orquestra, os músicos Gabriel Bubu e Bartolo (guitarra), Eduardo Manso (baixo) e Thomas Harres (bateria) apresentam ao seu lado as canções de seus dois discos com inventivos arranjos.
Linda, talentosa e com um certo ar de mistério, Nina tem tudo pra se tornar uma nova diva da música brasileira e você não pode deixar de ouvir os seus discos e assistir aos seus shows. Além de hoje e amanhã no Espaço Sesc do Rio, a cantora se apresenta no festival Faro MPB dia 16 de setembro e o lançamento em São Paulo acontece no Teatro do Sesc Pompéia nos dias 14 e 15 de outubro.
Leia abaixo nosso bate-papo com Nina Becker:
Como surgiu a ideia de dois discos diferentes? Foram planejados desde o início ou surgiram naturalmente?
A idéia não surgiu. Não havia uma idéia. Eu nem ia gravar um disco. Ambos são resultado de acontecimentos cuja origem vai além do que eu poderia ou não escolher na minha vida. No caso, ironicamente, uma hérnia de 'disco'.
Encarar o público com o seu trabalho solo e autoral dá um friozinho na barriga maior ou é a mesma sensação da época da Orquestra Imperial?
No início da Orquestra eu tinha muito pouca experiência de palco e ficava tensa, só que aos poucos fui me acostumando e hoje não fico mais. Mas agora o frio na barriga é dez vezes maior, porque não tem aquele time gigante no palco para me proteger, são as minhas músicas, ou as músicas que eu escolhi. Ter que segurar o tchan sozinha é bem mais intenso!
Como foi se descobrir compositora?
Foi difícil criar coragem para começar a mostrar as coisas que eu fazia para as pessoas. Por isso demorei um pouco. Mas a partir desse movimento inicial, tudo foi se desenrolando, novas músicas vindo, e eu me sinto hoje mais segura para mostrar qualquer coisa que eu tenha feito.
Você tem um lado ligado à moda que é muito forte. Desencanou de vez do lado estilista ou pretende retomá-lo algum dia?
A minha vida tomou rumos que desencontraram esse caminho de mim, ao menos por enquanto. Amo fazer roupas e nunca vou deixar de fazer. Mas não pretendo ser uma profissional da indústria da moda como nos moldes em que experimentei depois de fazer meu primeiro desfile. A criação me interessa mais do que tornar-me empresária nesse ramo.
Você transpira feminilidade, no entanto, o seu disco tem várias parcerias com artistas homens. Mas quais são as mulheres que a inspiram?
É engraçado porque eu não me inspiro em mulheres, mas em artistas. É claro que tem mulheres fascinantes e que me influenciaram de alguma forma, como a Rita Lee, a Gal e milhares de mulheres lindas e incríveis que admiro como a Sofia Coppola, a Ingrid Bergman, a Carmen Miranda, nossa, tantas. Mas na hora de fazer música eu me sinto como 'mais um da banda'. Eu gosto de conversar com os meninos os assuntos deles, aquela linha de baixo, aquela faixa do disco tal da banda tal. Eles são descomplicados e ótimos para trabalhar juntos na criação. Mas é verdade também que tem várias cantoras que eu amo hoje e com quem eu adoraria fazer uma música junto, vai rolar!
A música serve pra alguma coisa?
Para levar o espírito para outros lugares. Acho que traz flexibilidade e elasticidade à alma.
Vai lá: Lançamento dos álbuns “Azul” e “Vermelho” – estreia da carreira solo de Nina Becker
Onde: Teatro Arena - Espaço Sesc - Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Tel.: (21) 2548-1088.
Quando: dias 27 e 28 de agosto, sexta-feira e sábado às 21h.
Quanto: R$ 16 - inteira, R$ 8 - meia-entrada (estudantes e idosos), R$ 4 – comerciários.
Ouça: www.myspace.com/ninabecker