Ficou pequeno para os homens
Dois dias, mais de 1.300 pessoas: assim foi a primeira Casa Tpm
De Gaby Amarantos a Ronaldo Fraga, de Bob Wolfenson a Laerte, de Paula Lavigne à Mirian Goldenberg. Dois dias, mais de 1.300 pessoas: assim foi a primeira Casa Tpm, evento que discutiu os principais temas do universo feminino e reuniu reflexão, irreverência e muita conversa
Parece que foi ontem, mas o fato é que a Tpm, nossa irmã mais nova, já é uma mocinha com 11 anos muito bem vividos. Criada para oferecer ao público feminino uma visão de mundo diferente das surradas fórmulas das revistas femininas tradicionais, a Tpm amadureceu e, para celebrar seu ótimo momento, lançou, em maio, seu Manifesto, com os temas centrais para as mulheres de hoje. São questões relativas a trabalho, relacionamento, educação, maternidade, sexo, corpo, cultura, moda, beleza, ciência e mídia. Mas as moças foram além: fecharam o vetusto Nacional Club, no bairro do Pacaembu, em São Paulo, para transformar em experiência seus ideais. E ali se instalou, nos dias 4 e 5 de agosto, a primeira edição da Casa Tpm.
Como a revista, o evento combinou reflexão e irreverência, com o nobre objetivo de quebrar estereótipos femininos que estão por aí desde o tempo das nossas avós – o que, aliás, é a missão da publicação desde seu surgimento. “São 11 anos procurando fazer uma revista que trata a leitora como mulher, e não como mulherzinha”, disse o diretor editorial, Fernando Luna, na abertura do evento.
Entre artistas, leitores e formadores de opinião, a Casa Tpm foi uma ótima oportunidade para os homens ouvirem e discutirem os gêneros sem clichês e facilidades. No térreo, um salão para 200 pessoas abrigou debates de dia e shows à noite. Outro, menor, foi palco de palestras e papos mais informais. Teve ainda bar com manicures, sala de jantar e uma biblioteca transformada em “santuário”, exibindo fotos dos principais ensaios masculinos da Tpm. No andar superior, a Natura montou um circuito que incluía dicas de maquiagem com profissionais. A parte externa ficava ao lado da cabine da DJ Carol Rosa, que embalou os convidados durante todo o evento.
Participaram de debates e discussões nomes como a atriz Maria Ribeiro, o cartunista Laerte, a antropóloga Mirian Goldenberg, a filósofa Viviane Mosé, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, o estilista Ronaldo Fraga, a modelo Carol Ribeiro, a empresária Paula Lavigne, a cantora Gaby Amarantos, o fotógrafo Bob Wolfenson, entre vários outros. Os shows ficaram a cargo de Karina Buhr, no sábado, e Wanderléa e Marina Lima, no domingo. Para quem perdeu, dá pra acompanhar o melhor do que rolou no site www.revistatpm.com.br/casatpm e em na fanpage www.facebook.com/revistatpm.
Veja abaixo algumas das frases mais marcantes do evento.
“Os homens não ouvem a si próprios. Não ouvem nada. Se proíbem de prestar atenção em si. O cara não se entende, ele tem essa missão de homem a cumprir e não percebe mais nada. Homem precisa se ouvir. A mulher existe enquanto categoria. Os gays também. Mas o homem não. O homem não se pensa, ele não se vê.” Laerte, cartunista
“Meu pai, quando me ensinou a dirigir, disse: ‘Vou te ensinar a dirigir como homem’, o que, pra ele, queria dizer dirigir bem. Esse machismo se reflete até hoje.” Maria Ribeiro, atriz
“Não é verdade que as mulheres usam mais um lado do cérebro do que os homens. Essa história de que o lado direito é relativo ao feminino e o lado esquerdo, relativo ao masculino é bobagem.” Suzana Herculano-Houzel, neurocientista
“Os homens têm cegueira voluntária. Eles não querem saber se ela é infiel. Veja o caso Crepúsculo. Esse rapaz não pode perdoar a menina porque ele foi ‘humilhado’ publicamente. Nenhum homem consegue pagar de corno.” Mirian Goldenberg, antropóloga
“O mundo não se divide entre homens e mulheres. Eles não são um o problema do outro. Cada um lida com seu falo e seu buraco na medida do possível, combinando essas duas coisas como gosta.” Viviane Mosé, filósofa
“Homem no Brasil é muito travado com moda. Não usa calça skinny, diz que é coisa de veado. Pior pra eles, que ficam todos vestidos iguais e sem poder se divertir.” Nina Lemos, jornalista
“A falta de pelo infantiliza muito a ação amorosa. A depilação 100% só funciona bem como um fetiche provisório, um presentinho ocasional ao amado. Sou pelo direito de ser um homem perdido no mato, nunca na clareira no deserto do amor e do sexo.” Xico Sá, escritor